Tudo sobre: Aborto
Introdução
A mortalidade fetal ou aborto podem ocorrer devidos a vários fatores de origem infecciosa e não infecciosa relacionados à mãe ou ao filhote. Os fatores predisponentes não infecciosos incluem erros de manejo, imaturidade fetal, hipóxia, doenças genéticas, traumas e intoxicações. Já as causas de origem infecciosa estão relacionadas à infecção por bactérias, vírus ou parasitas.
Como alguns agentes infecciosos podem causar morte embrionária ou fetal em cadelas e gatas, os filhotes podem ser reabsorvidos ou abortados e ingeridos pelas fêmeas, sem deixar sinais notáveis. Em alguns casos, sangramento vaginal e descarga hemorrágica podem anteceder um aborto causado por infecções bacterianas.
Entre os agentes causadores de aborto em cadelas estão: Brucella canis, responsável por aborto entre os 45 a 59 dias de gestação, Herpesvirus, Toxoplasma gondii, Neospora caninum, Campylobacter jejuni, Leishmania infantum, Adenovírus canino, vírus da cinomose e parvovírus canino. Em gatas pode ser causado por Escherichia coli, Pseudomonas spp., Staphylococcus spp., Streptococcus spp., Salmonella spp., parvovírus felino (panleucopenia felina) e herpesvírus felino tipo 1 (HVF-1, rinotraqueíte felina).
Se houver morte embrionária precoce pode ocorrer maceração ou mumificação fetal. A morte fetal no final da gestação está mais relacionada às variáveis da ninhada, sendo mais frequente na primeira ninhada e em ninhadas três vezes maiores que o normal.
Outro fator importante para ocorrência do aborto é o uso de medicamentos durante a gestação como os antifúngicos, antibióticos, corticoides, progestágenos, entre outros.
Transmissão
-Não se aplica
Manifestações clínicas
- Letargia
- Corrimento vaginal fétido
- Descarga hemorrágica
- Hiporexia ou anorexia
- Apatia
- Hemorragia
- Aborto
- Aumento do volume abdominal
Diagnóstico
Associação de anamnese detalhada (histórico e tempo de gestação da espécie em questão) e exames físico e complementares. Os exames complementares que o(a) médico(a) veterinário(a) pode solicitar/ realizar:
- Ultrassonografia abdominal
- Radiografia abdominal
- Testes sorológicos para detecção de doenças infecciosas
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
O tratamento deve ser aplicado isoladamente, ou seja, depende da causa do aborto. Os quadros de infecção bacteriana, por exemplo, devem ser tratados com antibióticos e com terapia suporte, devendo o(a) responsável estar ciente que os fetos podem não sobreviver ao tratamento. Já em casos de doenças genéticas, o ideal é retirar a fêmea da reprodução e realizar a esterilização (castração).
Prevenção
Saber o histórico dos pais é importante em casos de doenças genéticas podendo evitar, assim, abortos e partos distócicos. Outras formas de se prevenir abortos consistem em: evitar estresse nas fêmeas gestantes, realizar manejo correto de acordo com a indicação de um(a) médico(a) veterinário(a), não utilizar medicações durante a gestação sem recomendação médica, fornecer suporte nutricional adequado e realizar o acompanhamento gestacional com um(a) médico(a) veterinário(a) a fim de garantir a saúde da fêmea e dos filhotes.
Referências Bibliográficas
MONTANHA, F. P; CORRÊA, C. S. S. Distocia em gata - relato de caso. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. Ano X, n. 19, 2012.
MUZZI, L. A. L. Obstetrícia em Pequenos Animais. Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2013.
SOUZA, T. D et al. Mortalidade Fetal e Neonatal canina: etiologia e diagnóstico. Rev. Bras. Reprod. Anim, Belo Horizonte, v. 41, n. 2, p. 639-649, 2017.