Tudo sobre: Actinomicose
Introdução
A actinomicose é uma doença causada por uma bactéria do gênero Actinomyces. Esta faz parte da microbiota da orofaringe, dos tratos gastrointestinal e genital dos animais. É uma doença contagiosa, de evolução crônica, diagnosticada esporadicamente em animais e seres humanos de todo o mundo. É uma zoonose, porém a transmissão do microorganismo de um animal para um ser humano é rara.
Nos cães, tem predominância por animais de porte médio a grande, entre um e sete anos de idade, principalmente aqueles que possuem acesso a áreas de matas, pois estão mais predispostos a inalar ou ingerir acidentalmente folhagens, talos e outros materiais cortantes. Nos felinos, a doença é incomum, porém, quando ocorre, tende afetar gatos machos, que se lesionam durante as brigas por disputa de território e fêmeas, principalmente no período de reprodução. Essas lesões provocadas na cavidade oral e nos tecidos cutâneo e subcutâneo tornam-se porta de entrada para inoculação da bactéria.
Essa bactéria causa uma infecção caracterizada por abscessos e lesões nodulares, piogranulomatosas (em forma de grânulos com pus), nas cavidades oral, torácica e abdominal, podendo se disseminar para outros órgãos por proximidade ou pela via hemolinfática. Em cães, é comum o desenvolvimento de piotórax (acúmulo de pús na cavidade torácica), pneumonia (processo inflamatório nos pulmões), peritonite (processo inflamatório no peritônio), hepatite (processo inflamatório no fígado), encefalite (processo inflamatório no cérebro) e nefrite (processo inflamatório nos rins). Os gatos podem desenvolver piotórax e sinais de pneumonia.
As lesões cutâneas em cães e gatos são caracterizadas como nódulos endurecidos, com pontos flutuantes ou não, e fístulas que drenam conteúdo serossanguinolento a purulento, com pequenos grânulos branco-amarelados. As nodulações localizam-se principalmente em regiões de cabeça e pescoço, tórax, abdome e cavidade oral.
A actinomicose geralmente se desenvolve quando ocorre co-infecção por outros microorganismos que também fazem parte da microbiota oral. Possui prognóstico reservado no caso de animais com disseminação sistêmica do microorganismo.
Transmissão
- Feridas
- Mordeduras
Manifestações clínicas
- Nódulos cutâneos e subcutâneos
- Abscessos
- Linfadenite regional
- Crepitações e áreas de silêncio pulmonar (pneumonia)
Observação: Como a infecção pode se disseminar para diversos órgãos, os animais podem apresentar sinais clínicos variáveis.
Diagnóstico
Associação de anamnese, histórico e sinais clínicos.
- Cultura microbiana
- Bacterioscopia
- Necrópsia
- Histopatologia
- Hemograma completo
- Exames bioquímicos*
- Análise de líquidos cavitários
- Radiografia torácica e abdominal
- Ultrassonografia abdominal
*Como a infecção pode se disseminar para diversos órgãos, exames bioquímicos como creatinina, ureia, proteína, albumina, análise do líquor, entre outros, podem ser requisitados pelo(a) Médico(a) Veterinário(a) responsável.
Observação: A realização e a definição da necessidade destes e outros exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a) responsável.
Tratamento
O tratamento pode não se mostrar totalmente efetivo devido à dificuldade de penetração do fármaco na lesão piogranulomatosa. A terapia medicamentosa é longa e baseia-se no uso de antibiótico e sua duração irá variar a critério do(a) Médico(a) Veterinário(a) responsável.
Em caso de efusões e abscessos, é necessário realizar a drenagem do conteúdo, tal procedimento deve ser realizado pelo(a) Médico(a) Veterinário(a) responsável, assim como procedimentos cirúrgicos para remoção dos nódulos e abscessos (quando for uma lesão isolada em um órgão). Além disso, as lesões cutâneas devem ser tratadas com soluções antissépticas.
A crioterapia pode ser utilizada como método alternativo para o tratamento das lesões no tecido cutâneo e subcutâneo.
Prevenção
Por ser causada por uma bactéria comum da microbiota do animal, não há medidas específicas para sua prevenção. Como o agente é inoculado através de lesões, o que pode ser feito é evitar que os animais tenham acesso à rua sozinhos e ter cuidado com o que eles ingerem ou brincam, para evitar lesões na cavidade oral. A castração neste caso também tem sua importância, pois evita fugas e brigas, além de prevenir os animais de uma série de doenças.
Referências Bibliográficas
EDWARS, D.F., NYLAND, T.G. and WEIGEL, J.P. Thoracic, Abdominal and Vertebral Actinomycosis. Journal of Veterinary Internal Medicine, 2: 184-191, 1988.
RIBEIRO, M. G. Enfermidades pelo Gênero Actinomyces. In: MEGID, J. et al. (1 Ed). Doenças infecciosa em animais de produção e de companhia. 1 Ed. Rio de Janeiro, RJ. Editora Roca. 2016. cap 12. p 126- 133.
SOUSA, M. G. Doenças infecciosas. In: CRIVELLENTI, Leandro Z. CRIVELLENTI, Sofia B. (2 Ed.). Casos de Rotina em Medicina Veterinária de Pequenos Animais. 2 Ed. São Paulo-SP. Editora MedVet. 2015, cap 4. p 145-146.