Tudo sobre: Anomalias oculares congênitas
Introdução
Anomalia é definida como alguma alteração ou má formação no padrão anatômico ou estrutural definido para cada espécie, sendo as congênitas observadas ao longo da gestação ou após o nascimento. As anomalias congênitas, de forma geral, também chamadas de anomalias do desenvolvimento, são incomuns e representam baixa frequência de apresentação clínica em todos os sistemas do organismo, assim como no ocular. Tais anormalidades podem ser de origem hereditária, infecciosa, provocadas por substâncias químicas, deficiências nutricionais ou de origem traumática mas, no entanto, também podem ocorrer sem que haja uma causa específica envolvida.
As anomalias congênitas oculares mais observadas são:
-Anoftalmia - ausência de um ou ambos os globos oculares;
-Microftalmia - subdesenvolvimento de um ou ambos os globos oculares e/ ou ausência de preenchimento total da câmara vítrea;
-Sinoftalmia - separação incompleta dos olhos, com as duas estruturas oculares em apenas uma das órbitas;
-Ciclopia - apresentação de apenas uma órbita ocular, geralmente na região mediana da face;
-Coloboma - ausência de algum tecido ou túnica ocular, não comprometendo a capacidade visual e sendo, muitas vezes, um achado clínico.
Diversos são os agentes infecciosos que desencadeiam anomalias congênitas oculares em animais. Dentre eles, destacam-se principalmente o herpesvírus canino e o vírus da panleucopenia felina, que causam alterações na retina, como necrose e degeneração.
Em relação às anomalias oculares de origem hereditária, a mais observada é a heterocromia, na qual o animal apresenta cada olho de uma cor, ou mais de uma cor no mesmo olho. O indivíduo pode ou não herdar esta característica dos pais, pois trata-se de uma alteração genética. Outra anomalia hereditária mais frequente é a do olho do Collie (AOC - Anomalia do Olho do Collie), na qual animais da raça Border Collie, Collie, Pastor de Shetland e outras raças de pastoreio apresentam hipoplasia orbital, descolamento ou displasia de retina, hemorragia posterior ao bulbo ocular, entre outras alterações.
As anomalias congênitas e hereditárias são menos frequentes nos gatos em comparação com os cães.
Transmissão
- Hereditária
- Congênita
Manifestações clínicas
- Displasia de retina
- Deslocamento de retina
- Necrose ocular
- Ausência do globo ocular
- Globo ocular subdesenvolvido
- Ausência de órbita ocular
- Má formação da lente
- Má formação do cristalino
- Membrana pupilar persistente
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, anamnese, exames físico e complementares
- Exame físico
- Microscopia
- Histopatologia
- Ultrassonografia ocular
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
O tratamento varia de acordo com a malformação. Em muitos casos não existe terapia específica e a enucleação pode ser indicada.
Prevenção
Uma medida profilática eficaz é a castração dos animais que apresentam anomalias e sobrevivem, a fim de evitar a transmissão dos genes responsáveis pelas alterações.
Outra medida é não permitir a endogamia entre os animais, ou seja, que animais da mesma família se reproduzam, evitando que genes indesejáveis continuem sendo repassados às proles.
Vale ressaltar que é importante evitar o contato de fêmeas gestantes com produtos químicos com potencial tóxico, assim como evitar que tenham contato com animais infectados.
Referências Bibliográficas
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