Tudo sobre: Avulsão Dentária
Introdução
A avulsão dentária é uma doença definida como a remoção completa de um ou mais dentes da cavidade oral. Os dentes de cães e gatos são partes de estruturas complexas que contêm nervos, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e tecidos de sustentação, sendo o local em que se insere cada dente denominado alvéolo (estrutura óssea delimitada no maxilar). O dente avulsionado é removido completamente do alvéolo, diferentemente da fratura ou luxação dentária que mantêm uma ligação à estrutura dentária. Devido ao seu posicionamento mais exposto na cavidade bucal, os dentes mais comumente acometidos são os caninos e incisivos.
As principais causas de avulsão são os traumatismos na cavidade oral, sejam estes provocados por impactos, brigas, atropelamentos ou acidentes durante o consumo de alimentos duros como ossos, pedras ou brinquedos rígidos. No entanto, esta doença também pode ocorrer nos pets secundariamente à doença periodontal grave provocada principalmente pelo acúmulo de cálculo/ "tártaro" dentário, cáries ou doenças que levam à perda das estruturas de sustentação dos dentes, seja por desgaste com a idade avançada dos animais ou mesmo por algumas formas de câncer que podem atingir a boca e estruturas relacionadas a ela.
Embora possa ocorrer em cães e gatos de qualquer faixa etária e sexo, há predisposição para ocorrência da avulsão dentária em cães com ligamentos periodontais imaturos (principalmente em animais jovens) e doença periodontal.
Os fatores mais importantes para se considerar se o dente arrancado tem viabilidade para ser reimplantado são o tempo que o dente permaneceu fora do alvéolo e a maneira como foi armazenado. Quanto antes o dente for recolocado, melhor é a chance de recuperação, no entanto, a recuperação dependerá também do grau de viabilidade do alvéolo e da gengiva.
Esta doença é considerada uma emergência odontológica não necessariamente por causar ameaça à vida dos pets, mas pela possibilidade de provocar complicações no organismo como um todo, dor intensa e necessitarem de abordagem o mais rápida possível para que o tratamento tenha sucesso.
Transmissão
Manifestações clínicas
- Dor moderada à intensa
- Sangramento oral
- Êmese
- Sialorreia
- Anorexia
- Hiporexia
Diagnóstico
- Inspeção da cavidade oral
- Radiografia oral
- Ultrassonografia oral
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do Médico Veterinário.
Tratamento
O tratamento consiste, quando possível, na reimplantação do dente removido. O ideal é que este procedimento seja feito dentro de 30 minutos ou menos da avulsão. O dente arrancado não deve ser mantido seco ou manipulado excessivamente. O melhor método de preservá-lo para reimplante é colocá-lo em solução salina fisiológica ou leite. O dente não deve ser conservado em água de torneira ou mineral pois o pH e osmolaridade deste líquido é inadequado para as estruturas de suporte dentária e pode promover sua desvitalização, inviabilizando o re-implante. Além disso, deve-se evitar tocá-lo pela raiz e manuseá-lo somente pela coroa.
A recolocação é um procedimento cirúrgico, que deve ser feito com o pet sob anestesia geral. Antibióticos orais, analgésicos e antiinflamatórios podem ser associados profilaticamente ou após o tratamento. Após a reimplantação, será necessária terapia endodôntica, realizada por um especialista em odontologia veterinária, para fortalecer as estruturas alveolares dentárias uma vez que o dente esteja no alvéolo dentário, pois é inevitável que a polpa do dente esteja parcialmente comprometida. Caso o dente não seja reimplantado, o pet precisa ser avaliado por um médico veterinário para verificar que não haja outros danos nas estruturas dentárias, inflamação ou hemorragia que necessitem de intervenção, porém é possível que ocorra reabsorção da raiz dentária e substituição por outros tipos de tecido ósseo.
Prevenção
Uma boa saúde oral é a base para a prevenção de doenças relacionadas aos dentes. Portanto, medidas como a escovação com produtos adequados para pets e o uso de ração seca, brinquedos e petiscos para remoção de tártaro permitem melhor integridade destas estruturas. Ossos não devem ser fornecidos in natura (crus ou cozidos) aos pets pois há um grande risco de promover fraturas e avulsões dentárias. Deve-se atentar para que os pets não sejam expostos a brigas ou acidentes como atropelamentos de maneira a evitar traumas, portanto, devem estar acompanhados por seus responsáveis durante passeios e sempre que possível ter atividades como brincadeiras com outros animais supervisionadas para que sejam socorridos o quanto antes em caso de imprevistos.
Referências Bibliográficas
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