Tudo sobre: Bailisascaríase
Introdução
A Bailisascariáse é uma zoonose parasitária que acomete os cães, gatos, carnívoros silvestres e seres humanos. A doença é causada por um helminto, popularmente conhecido como verme ou lombriga, do gênero Baylisascaris spp. Este parasita pertence ao grupo dos vermes redondos, assim como o Toxocara canis e Toxocara cati, que também são causadores de verminose nos cães e gatos. O principal disseminador deste parasita no ambiente é o guaxinim, que é um animal encontrado comumente no continente Americano. Há poucos relatos da ocorrência desta doença no Brasil e de maneira geral é considerada rara, porém pode atingir animais ou pessoas que tenham contato com fezes contaminadas, carcaças contaminadas e fômites - ou seja, alimentos e objetos que tenham tido contado com as fezes contendo os ovos do parasita. A doença nos cães e gatos se manifesta principalmente relacionada ao sistema intestinal. Devido ao ciclo biológico do parasita que se instala no intestino e utiliza os nutrientes ingeridos pelo animal para alimentar-se, pode determinar dificuldade de crescimento em filhotes por causar inflamação local e destruição de estruturas importantes do intestino e, com isso, prejudicar a absorção de nutrientes. Embora existam poucos dados em relação a doença em formas além da intestinal nos animais, há relatos em seres humanos que o verme tenha capacidade de migrar para outros órgãos. Dessa maneira, o parasita pode atingir o sistema nervoso, levando à ocorrência de sinais neurológicos, como convulsões, desorientação, cefaleia e cegueira.
Esta doença pode ocorrer em cães e gatos de qualquer idade, sendo mais comum nos filhotes, e não há predileção por sexo ou raça. Os sinais clínicos nos animais podem variar desde manifestações discretas relacionadas ao desconforto intestinal, até síndromes graves como diarreia e obstrução intestinal. Outros sinais observados são resultados da má-nutrição crônica promovida pelas alterações que o parasitismo do Baylisascaris no intestino, como o emagrecimento, falhas de pelagem, pelame opaco, falho e quebradiço e dificuldade de crescimento em filhotes.
Transmissão
- Fezes contaminadas
Manifestações clínicas
Assintomático
Sinais inespecíficos (isolados ou em conjunto):
- Êmese
- Diarreia
- Cólicas intestinais
- Borborigmos intestinais
- Constipação intestinal
- Opacidade de pelo
- Caquexia
- Ascite
- Emagrecimento
- Polifagia
- Cegueira
- Convulsão
- Fraqueza
- Ataxia
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, epidemiologia e exames laboratoriais.
Exames que o médico veterinário pode solicitar:
- Coproparasitológico
- Endoscopia
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do Médico Veterinário.
Tratamento
O tratamento da bailisascaríase é baseado na eliminação dos parasitas pelo uso de medicamentos anti-helmínticos de amplo espectro. Além disso, podem ser necessários tratamentos suporte para controlar os sintomas provocados pela doença, tais como hidratação através de fluidoterapia e o uso de probióticos ou outros suplementos nutricionais para recuperação do seu estado geral. Analgésicos e anti-inflamatórios também podem ser recomendados para reduzir sinais de inflamação provocados pelo parasitismo e proporcionar mais conforto.
Prevenção
É importante manter um calendário regular de prevenção de endoparasitas (vermes) para seu pet com orientação de um Médico Veterinário, a fim de saber qual o protocolo a ser adequado ao seu estilo de vida e com qual periodicidade medicações curativas ou preventivas devem ser utilizadas. Caso seu cão ou gato habite áreas de mata nativa, próximas a reservas ambientais ou sítios, é importante limitar as áreas que os animais de estimação podem acessar e estar atento à presença de fezes de animais silvestres aos quais seu pet pode ter acesso.
Referências Bibliográficas
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