Tudo sobre: Bexiga Pélvica
Introdução
A bexiga pélvica é uma doença que ocorre em cães com maior frequência do que nos gatos, causada por um deslocamento da posição anatômica (normal) da bexiga. A bexiga é um órgão pertencente ao sistema urinário que é responsável por armazenar a urina, estando normalmente localizada no abdome conjuntamente aos outros órgãos pertencentes ao mesmo sistema, compreendendo rins, ureter e canal da uretra. Nesta doença, a bexiga tem sua posição deslocada para a região da pelve, que corresponde a uma localização abaixo do abdome e é conhecida popularmente como “pé da barriga”. A forma hereditária da doença é a mais comum.
A bexiga pode alterar sua posição devido a uma má formação fetal herdada dos pais do animal, ou ocorrer de maneira traumática em consequência a atropelamentos, pancadas ou brigas com outros animais. De maneira geral, a alteração de desenvolvimento da bexiga por herança genética pode estar acompanhada de outras alterações na anatomia deste órgão, na região chamada de trígono vesical. Estas estruturas envolvem a parte mais importante do órgão, onde se encontrariam os orifícios que trazem a urina produzida pelos rins e a saída da urina para o meio externo no processo de micção. A uretra do animal com bexiga pélvica pode se desenvolver para ter um trajeto mais curto e uma posição diferente da esperada na espécie, dificultando o funcionamento adequado do órgão. Além da região do trígono, os cães e gatos podem apresentar outras anomalias de desenvolvimento fetal como fístulas, fragilidade das estruturas uretrais e alterações de função do esfíncter da uretra, que é um músculo que controla a micção voluntária.
Os sintomas provocados por esta doença em cães e gatos estão relacionados a anomalias da micção e incontinência urinária, podendo evoluir em gravidade ao longo do tempo se não for feito um manejo adequado. A incontinência crônica por alteração do posicionamento da bexiga ou ureteres pode lesionar o esfíncter da uretra, fazendo com que se afrouxe e levem a um gotejamento de urina frequente. Esta condição pode predispor ao aparecimento de infecções urinárias recorrentes que, se não tratadas, podem levar a graves infecções de bexiga e rins. Alguns animais não manifestam os sinais associados à incontinência, sendo esta doença um achado em exames de rotina.
Transmissão
- Hereditária.
- Não se aplica (traumática).
Manifestações clínicas
Assintomático
Sinais inespecíficos (isolados ou em conjunto):
- Incontinência urinária
- Anúria
- Disúria
- Estrangúria
- Dor abdominal
- Hematúria
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, epidemiologia e exames laboratoriais.
Exames que o médico veterinário pode solicitar:
-Radiografia simples
-Radiografia contrastada de bexiga
-Urinálise
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do Médico Veterinário.
Tratamento
O tratamento da bexiga pélvica dependerá dos sinais clínicos apresentados. Caso o animal tenha incontinência urinária, podem ser feitas tentativas de controle do quadro com medicações estimulantes adrenérgicas para auxiliar na função do esfíncter e musculatura urinários. Caso o animal não responda a este tratamento, o Médico Veterinário poderá recomendar o uso de suplementos para fortalecer as estruturas urinárias e o reposicionamento cirúrgico da bexiga para a sua posição anatômica, que deve ser realizado sob anestesia em centro cirúrgico.
No entanto, caso existam anormalidades graves de estruturas urinárias ou o quadro seja crônico, a resposta ao tratamento farmacológico ou cirúrgico pode ser insatisfatória. Dessa maneira, poderá ser feito tratamento suporte ao pet para proporcionar conforto, pelo uso de fraldas descartáveis e limpeza frequente da urina gotejada na pele a fim de evitar assaduras, dermatites e infecções urinárias.
Prevenção
A bexiga pélvica ocorre principalmente por herança genética, portanto animais que tenham diagnóstico confirmado ou suspeita da doença devem ser castrados ou não incluídos para reprodução. Além disso, considerando a possibilidade da aquisição de uma das formas da doença por meio de episódios traumáticos, é importante supervisionar os pets durante passeios e não permitir livre acesso á rua de maneira a reduzir a probabilidade de acidentes automobilísticos, brigas e outros acidentes que possam levar ao posicionamento anormal da bexiga.
Referências Bibliográficas
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