Tudo sobre: Bronquite crônica
Introdução
Bronquite crônica consiste na inflamação dos brônquios e geralmente é caracterizada por tosse persistente ou recidivante. As bronquites são comuns em cães e gatos, porém possuem aspectos diferentes entre essas espécies.
Bronquite crônica felina
A bronquite em felinos é uma doença que facilmente se sobrepõe à asma felina devido à semelhança entre suas características epidemiológicas e de sintomatologia, sendo frequentemente referenciadas como doenças brônquicas, apenas. Geralmente a bronquite crônica tem caráter progressivo e idiopático, promove tosse crônica e produção excessiva de muco. Seu agravamento está associado à fibrose, com perda da capacidade respiratória e prognóstico desfavorável, pode levar à angústia respiratória se tornando caso emergencial.
Um exame importante para o diagnóstico da bronquite crônica é o lavado broncoalveolar, no qual o exame das células revela abundante quantidade de neutrófilos.
A bronquite crônica felina pode acometer animais de ambos os sexos, e a idade pode variar bastante dependendo do estudo (4 meses a 15 anos). Em alguns trabalhos, os gatos siameses têm demonstrado maior predisposição para a doença.
Bronquite crônica canina
Em cães, a bronquite crônica pode ser caracterizada como tosses diárias que ocorrem por dois ou mais meses consecutivos depois de investigadas e eliminadas outras causas para a tosse. Como em cães há uma variedade de doenças que podem promover tosses, é importante descartá-las para se confirmar o diagnóstico de bronquite crônica.
A etiopatogenia para a bronquite crônica canina pode ser diversa e inclui início em processos inflamatórios infecciosos persistentes, bronquites agudas maltratadas, inalação de substâncias irritantes ou alergênicas, toxinas, que promovem atração de células inflamatórias para os brônquios, além de aumento na produção de muco. Esse processo pode resultar em obstrução parcial dos brônquios, diminuindo a eficiência respiratória evoluindo para a hipertensão pulmonar caso não realizado tratamento adequado. Muitas vezes os episódios de tosse são negligenciados e muitos tutores acham comuns, porém o quadro pode progredir podendo levar a colapsos.
Cães de meia-idade e idosos são mais susceptíveis à bronquite crônica. Essa doença também é mais observada em animais de pequeno porte como os Terriers, Poodles e Cockers. É importante a avaliação minuciosa do estado geral do animal, pois podem haver outras doenças concomitantes, inclusive cardiopatias.
Transmissão
-Não se aplica
Manifestações clínicas
Sem sintomatologia
Sinais inespecíficos (isolados ou em conjunto)
-Tosse persistente, produtiva ou não
-Sibilo
-Respiração ruidosa, rápida ou laboriosa
-Letargia
-Intolerância ao exercício
-Angústia respiratória (respiração trabalhosa, muitas vezes com a boca aberta)
-Arritmia respiratória
-Febre
-Inapetência
-Anorexia
Diagnóstico
-Exame clínico e físico detalhado
-Auscultação
-Broncoscopia
-Lavado broncoalveolar
-Citopatológico
-Radiografia
-Fluoroscopia
-Tomografia computadorizada
-Cultura bacteriana e antibiograma
-Avaliação cardiológica
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
O tratamento é mais eficiente em animais diagnosticados precocemente, quando há cronicidade da doença com fibrose e remodelamento das vias respiratórias, o tratamento visa melhorar as condições respiratórias, o alívio sintomático e progressão da doença.
Hidratação das vias respiratórias pode ser utilizada para fluidificar o muco e ajudar na eliminação do mesmo, isso pode ser feito com sessões de inalação.
Os glicocorticóides são medicamentos de escolha para redução da inflamação. Broncodilatadores também podem ser preconizados pelo médico veterinário. Supressores de tosse e antibióticos também podem ser prescritos se necessário.
Prevenção
É importante abrandar a irritação das vias aéreas pela da redução do processo inflamatório e com medidas ambientais a fim de diminuir ou eliminar agentes irritantes e alergênicos. É importante orientar o tutor fumante a não fazê-lo perto do paciente. Perfumes, poeira de tapetes e móveis, shampoos e sabonetes perfumados, bolores, podem agravar a doença.
A obesidade pode ser um fator de risco importante, então manter o peso ideal para cada raça com dietas adequadas é fundamental.
Uso de coleiras peitorais ao invés de coleiras cervicais pode ajudar a reduzir a irritação na região da traqueia e minimizar episódios de tosse.
Ao perceber que o animal tosse, é importante levá-lo para avaliação veterinária o mais brevemente possível.
Referências Bibliográficas
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