Tudo sobre: Cistadenocarcinoma Renal
Introdução
Os rins são órgãos do sistema urinário responsáveis pela filtração e eliminação de resíduos não aproveitáveis ingeridos na alimentação ou produzidos pelo metabolismo normal do organismo. Esses resíduos são eliminados através da urina e as substâncias importantes retornam para a corrente sanguínea. Eles fazem também o controle do volume e composição dos líquidos corpóreos que mantém o ambiente estável para a manutenção das atividades celulares.
O cistadenocarcinoma renal, também conhecido como cistadenoma renal, é uma doença neoplásica renal variante do carcinoma e foi descrita principalmente em cães da raça Pastor Alemão, concomitantemente com a dermatofibrose nodular em machos e leiomiomas uterinos nas fêmeas. Esta doença já foi descrita menos frequentemente em animais das raças Golden Retriever, Boxer e sem raça definida. Animais adultos e idosos são os mais acometidos, com idade média é de oito anos.
Não é uma doença comum, uma vez que se trata de uma neoplasia renal primária, considerada rara nos animais domésticos. Os sinais clínicos são muitas vezes inespecíficos e dependem da extensão do envolvimento renal. Os nódulos - associados a dermatofibrose nodular - podem possuir de 0,5 a 5,0 cm de diâmetro e podem se localizar primariamente na porção distal dos membros (porção mais afastada do tronco), entre os dedos e nas almofadas digitais (coxins palmares e plantares), mas também podem se desenvolver na cabeça e no tronco.
É uma das poucas doenças neoplásicas de caráter hereditário que ocorre naturalmente em mamíferos e que não apresenta uma correspondência exata na espécie humana. Há possibilidade de ocorrer metástases em linfonodos regionais, fígado, pulmões, pleura, peritônio, baço, pâncreas e ossos.
O avanço da doença pode ser lento, mas por se tratar de uma enfermidade sistêmica o prognóstico é considerado reservado ou desfavorável.
Transmissão
- Hereditária - não infecciosa
Manifestações clínicas
Sinais inespecíficos (isolados ou em conjunto):
- Apatia
- Anorexia
- Emagrecimento
- Polidipsia
- Êmese
- Diarreia
- Claudicação
- Alopecia
- Ulceração de Pele
- Hematúria
- Oligúria
- Dor à palpação abdominal
- Aumento de volume abdominal
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, epidemiologia e exames laboratoriais.
Exames que o médico veterinário pode solicitar:
- Hemograma completo
- Urinálise Simples
- Ureia
- Creatinina
- Fósforo
- Sódio
- Potássio
- Ultrassonografia abdominal
- Tomografia computadorizada
- Radiografia abdominal
- Biópsia
- Audiometria
- Urocultura com antibiograma
- Proteínas Totais + Frações
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
O objetivo do tratamento é retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente.
De acordo com o estado do(a) paciente e do custo-benefício, recomenda-se a realização cirurgia para retirada dos nódulos cutâneos, nefrectomia (remoção do rim) unilateral do rim afetado pelo tumor e a histerectomia (remoção do útero) para casos de tumores uterinos em fêmeas.
A mudança na dieta do paciente pode ser uma aliada durante o tratamento. O(a) médico(a) veterinário(a) pode indicar rações terapêuticas específicas com restrição de proteínas, sódio e fósforo para auxiliar na diminuição da sobrecarga renal.
Dependendo do grau de desidratação do paciente, o profissional pode recomendar a internação para reposição de fluidos e, após a alta, é de extrema importância oferecer ao animal água limpa, fresca e em abundância. Entre os medicamentos pode-se utilizar antieméticos, eletrólitos, vitaminas e outros.
Em pacientes com anemia severa também pode ser recomendada a transfusão sanguínea para normalização de sintomas. A hemodiálise ou a diálise peritoneal podem ser consideradas no tratamento de pacientes com insuficiência renal crônica, caso a perda significativa da função renal represente um risco ao organismo pelo acúmulo de produtos tóxicos e para o restabelecimento do volume e da composição dos líquidos corpóreos.
O transplante renal, ainda não muito explorado na medicina veterinária, também pode ser indicado.
Prevenção
Por ser uma doença hereditária, não existem medidas de prevenção efetivas. No entanto, recomenda-se ao(à) tutor(a) que ao adquirir um animal de raça sempre procure criadores idôneos e canis registrados, onde seja possível conhecer a linhagem genética do filhote. O controle sobre doenças genéticas e hereditárias dos reprodutores do plantel e um cuidadoso pré-natal das matrizes é essencial para diminuir as chances de filhote com alguma doença prévia. Portanto, não é recomendada a reprodução de animais com esta e outras doenças hereditárias
O acompanhamento periódico com um médico veterinário garante que o animal esteja amparado e facilita o diagnóstico precoce caso aconteça algum distúrbio. Ao observar qualquer mudança de comportamento ou aparecimento de sinais clínicos, o(a) tutor(a) deve procurar atendimento médico o mais rápido possível. Tratando-se de função renal, quanto maior a demora no diagnóstico e intervenção, maiores as chances de danos severos ao organismo.
Referências Bibliográficas
INKELMANN, M. A. et al. Neoplasmas do sistema urinário em 113 cães. Pesq. Vet. Bras. vol.31 no.12 Rio de Janeiro Dec. 2011
LANGOHR, I. M. et al. Cistadenocarcinoma renal e dermatofibrose nodular em cães Pastor Alemão: 4 casos. Ciência Rural, v. 32, n. 4,, p.621-626. Santa Maria, 2002