Tudo sobre: Cisto ovariano
Introdução
Cistos ovarianos são estruturas repletas de líquido que se desenvolvem no interior dos ovários. Podem ocorrer em humanos, cães, gatos, bovinos, pássaros e roedores. As cadelas podem apresentar diversos tipos de cistos ovarianos, sendo alguns produtores de hormônio e outros não. Os primeiros podem resultar em várias alterações clínicas, e muitas vezes estão associados à infertilidade nesses animais. Já os cistos ovarianos não produtores de hormônios podem substituir o parênquima ovariano, com consequente comprometimento da função do órgão. Porém, em alguns casos os cistos ovarianos não estão associados à nenhuma apresentação clínica e podem ser apenas achados do exame de ultrassonografia. A associação entre cistos ovarianos e infertilidade também acontece em gatas. Nesses animais, a ocorrência de cistos ovarianos aumenta com a idade.
A incidência de cistos ovarianos é variada, dependendo do tipo de cisto, idade dos animais e amostragem estudada. Podem ocorrer em qualquer raça de cães. Porém, cistos da rete ovarii (rede ovariana) tamanhos variados formados a partir da dilatação da rede tubular ovariana, ocorrem em 10% das fêmeas da raça Beagle com mais de oito anos. Além disso, os cistos ovarianos podem ser classificados como únicos ou múltiplos (87%), sendo os últimos também denominados de ovários policísticos. Os cistos ovarianos estão presentes nos dois ovários em 77% dos casos. Em relação ao tamanho dos cistos, eles podem variar e chegar a até 30 cm, com média entre 0,2 a 4 cm de diâmetro.
Os cistos ovarianos podem ocorrer devido à insuficiência de hormônio luteinizante (LH) para estimular a ovulação, pela baixa responsividade dos receptores de LH presentes nos folículos, devido à não ovulação de folículos, dilatação da rede tubular ovariana e pelo uso de esteróides sexuais para indução de abortamento, ou outros métodos contraceptivos.
Em relação à produção hormonal, os cistos foliculares e luteinizados produzem esteroides sexuais com atividade endócrina de aproximadamente 66% e 80%, respectivamente. Já os cistos epiteliais e da rete ovarii não produzem hormônios, podendo porém substituir o tecido ovariano, alterando a função do órgão. Quando os cistos ovarianos estão associados à produção de hormônios sexuais, ele podem levar o animal a quadros de hiperestrogenismo, hiperplasia endometrial cística e piometra, hiperplasia vaginal, aplasia de medula óssea, dermatopatías com alopecia e ginecomastia.
Transmissão
-Não se aplica
Manifestações clínicas
- Estro prolongado/ cio prolongado
- Hipertrofia vulvar
- Secreção vaginal sanguinolenta
- Secreção vaginal purulenta
- Alterações no ciclo estral.
- Infertilidade
- Hipertrofia das glândulas mamárias
Diagnóstico
Associação da anamnese detalhada aos exames físico e complementares pelo(a) médico(a) veterinário(a). Exames que podem ser solicitados:
- Hemograma completo
- Ultrassonografia abdominal
- Dosagem plasmática de E2
- Dosagem plasmática de P4
- Exame histológico após biópsia de pele
- Exame histopatológico do cisto (para classificação)
- Citologia vaginal
Observação: A realização e a definição da necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
A terapia é variada e depende basicamente no interesse reprodutivo e se os cistos são únicos ou múltiplos. Quando a cadela/ gata apresenta quadros clínicos e não é reprodutora, o indicado é a realização de castração. Caso haja interesse reprodutivo, podem ser utilizadas terapias hormonais, aspiração cística, ovariectomia unilateral, cistectomia simples e indução da luteólise. A escolha do método depende do tipo do cisto, ou seja, se é único ou múltiplo e da experiência do(a) médico(a) veterinário(a) responsável.
Prevenção
A prevenção da ocorrência de cistos ovarianos pode ser realizada a partir da castração de fêmeas não reprodutoras. Esse procedimento cirúrgico deve ser realizado por um(a) profissional médico(a) veterinário(a). Além disso, é contraindicada a utilização de medicamentos contraceptivos, uma vez que predispõem à ocorrência de diversas alterações no sistema reprodutivo das fêmeas.
Referências Bibliográficas
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