Tudo sobre: Cor Triatriatum Dexter e Sinister
Introdução
Cor triatriatum significa “coração com três átrios”, sendo uma anomalia cardíaca congênita rara, ainda não bem esclarecida e descrita, na qual o átrio (câmara do coração) subdivide-se em duas câmaras através de uma membrana fibromuscular, levando a uma obstrução do fluxo sanguíneo nos ventrículos. Pode se apresentar de forma isolada ou associada com outras desordens cardíacas, neste caso demonstrando maior gravidade.
Em cães é relatada principalmente no átrio direito (cor triatriatum dexter), enquanto em gatos é mais comum ocorrer no átrio esquerdo (cor triatriatum sinister).
O distúrbio foi descrito principalmente em cães com idade variando de meses a 15 anos, sendo que o diagnóstico costuma ocorrer após a manifestação de quadros de insuficiência cardíaca congestiva.
Transmissão
Manifestações clínicas
-Dispneia
-Intolerância ao exercício
-Cianose
-Crepitação pulmonar
-Tosse
-Taquicardia
-Edema pulmonar
-Congestão pulmonar
*Normalmente, há manifestação de sopros cardíacos quando associada a outra anomalia congênita.
**Pode ocorrer sintomatologia relacionada a injúrias renais em casos mais avançados da doença.
Diagnóstico
O diagnóstico deve envolver sinais clínicos, exame físico e exames complementares que podem ser solicitados pelo médico veterinário, entre eles:
-Ecocardiograma
-Radiografia torácica
-Eletrocardiograma
-Hemograma
-Bioquímica sérica*
-Necropsia (post-mortem)
*Os exames de bioquímica sérica solicitados pelo médico (a) veterinário (a) são de acordo com a sintomatologia clínica exibida pelo animal para analisar os sistemas orgânicos acometidos.
Tratamento
O tratamento cirúrgico é o mais indicado, de forma a desfazer a membrana que divide os átrios ou através da introdução de um cateter balão inflado. Entretanto, dependendo do estágio da enfermidade, e por consequência a extensão dos danos causados, a cirurgia pode não ser possível, trazendo mais riscos de vida ao animal. Nestes casos, preconiza-se tratamento paliativo utilizando terapia farmacológica.
É descrito na literatura a utilização de diuréticos - os quais aumentam o volume de urina produzida, e inibidores da enzima conversora de angiotensina, que promovem redução da pressão arterial - é descrito que o cloridrato de benazepril permite significante prolongamento de vida em cães com tais disfunções cardíacas.
Prevenção
A prevenção das alterações clínicas provocadas por este distúrbio está principalmente no diagnóstico precoce para que seja realizada correção definitiva a fim de permitir que os animais atinjam a vida adulta sem manifestações clínicas subsequentes.
Não é recomendado que animais diagnosticados com Cor triatriatum sejam utilizados para reprodução.
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Gustavo L. G. et al. Cor Triatriatum Sinister in a French Bulldog. Case Reports In Veterinary Medicine, [s.l.], v. 2012, p.1-4, 2012. Hindawi Limited.
ANDRADE, J.N.B.M. et al. Tratamento cirúrgico com sucesso em um cão com cor triatriatum dexter. Rev. Clínica Veterinária, n. 93, p.40-43, 2011.
BOON, A.J. Congenital Heart Disease. In: Manual of veterinary echocardiography.Willians & Wilkins, 1998. 583p.
CHAMPION, T. et al. Cor triatriatum sinister e hipertensão arterial pulmonar secundária em cão. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, [s.l.], v. 66, n. 1, p.310-314, fev. 2014. FapUNIFESP (SciELO).
ENUMO, S.N. et al. Dilatação por balão num cão golden retriever com cor triatriatum dexter: relato de caso. Anais do II Congresso Brasileiro de Cardiologia Veterinária, p. 46-47. São Paulo, SP, 2015.
JHA, Ajay Kumar; MAKHIJA, Neeti. Cor Triatriatum: A Review. Seminars In Cardiothoracic And Vascular Anesthesia, [s.l.], v. 21, n. 2, p.178-185, 19 abr. 2017. SAGE Publications.
JOHNSON, M.S.; MARTIN, M.; DE GIOVANNI, J.V. et al. Management of cor triatriatum dexter by balloon dilatation in three dogs. J. Small Anim. Pract., v.45, p.16-20, 2004.
KITTLESON, M.D. Other congenital cardiovascular abnormalities. In: KITTLESON, M.D.; KIENLE, R.D. Small animal cardiovascular medicine.1. ed. Mosby, St. Louis, 1998. p.282-296.
NASSAR, P.N.; HAMDAN, R.H. Cor triatriatum sinister: classification and imaging modalities. Euro. J. Cardiovasc. Med., v.1, p.84-87, 2011.
OLIVEIRA, P.; DOMENECH, O.; SILVA, J. et al. Retrospective review of congenital heart disease in 976 dogs. J. Vet. Int. Med., v.25, p.477-483. 2011.
TANAKA, R.; HOSCHI, K.; SHIMIZU, M. et al. Surgical correction of cor triatriatum dexter in a dog under extracorporeal circulation. J. Small Anim. Pract., v.44, p.370-373, 2003.
TOBIAS, A.H.; THOMAS, W.P.; KITTLESON, M.D. et al. Cor triatriatum dexter in two dogs. J. Am. Vet. Med. Assoc., v.2, p.285-290, 1993.