Tudo sobre: Criptosporidiose
Introdução
O parasita Cryptosporidium spp. é um protozoário que se desenvolve nas células intestinais de diversos animais, incluindo cães e gatos, causando a criptosporidiose. Essa doença está muito relacionada à queda na imunidade, sendo, na grande maioria das vezes, uma infecção oportunista e secundária. É uma zoonose importante e uma doença altamente negligenciada na medicina humana, estando relacionada à falta de saneamento básico. E além do potencial zoonótico, a criptosporidiose leva a perdas significativas na pecuária.
Várias espécies de Cryptosporidium são descritas na literatura como causas importantes de diarreia nos animais domésticos e a eliminação do parasita nas fezes ocorre de maneira intermitente e em quantidade variável, o que pode dificultar o diagnóstico. A susceptibilidade do animal à infecção está diretamente relacionada ao seu estado geral de saúde, podendo, muitas vezes, ocorrer uma infecção assintomática e transmissão silenciosa. A aglomeração de animais, falta de higiene, nutrição inadequada, doenças concomitantes e deficiência imunológica estão diretamente relacionados com a ocorrência e gravidade da doença.
O diagnóstico é mais comum em cães, porém os gatos, principalmente que vivem aglomerados, são muito acometidos. O parasita é mais encontrado em animais muito jovens e recém desmamados ou idosos, prevalecendo também nos cães e gatos que vivem em áreas rurais.
Transmissão
- Fezes
- Água contaminada
- Alimento contaminado
Manifestações clínicas
- Emagrecimento
- Diarreia
- Êmese
- Desidratação
- Aborto ou reabsorção embrionária em fêmeas gestantes
- Dor abdominal
- Anorexia
- Apatia
- Fraqueza
Diagnóstico
- Hemograma
- Coprocultura (Cultura de Fezes)
- Microscopia de luz (visualização direta)
- Pesquisa de Cryptosporidium
- Identificação de Cryptosporidium por Reação em Cadeia de Polimerase (PCR)
Observação: A realização e a definição da necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
Diversos tratamentos foram testados em ensaios clínicos, com a utilização de antibióticos, antiparasitários e diversas classes de medicamentos, porém os resultados foram insatisfatórios, mostrando a persistência na eliminação dos cistos do parasita nas fezes e, em alguns casos, persistência da diarréia crônica. Muitas vezes busca-se tratar e aliviar os sintomas, com suporte nutricional, antieméticos, analgésicos, pré e probióticos, fluidoterapia e reposição de eletrólitos, uma vez que a maioria dos casos é assintomática ou de pouca gravidade.
O fortalecimento do sistema imune e controle de quaisquer outras alterações concomitantes é a chave da terapia para a criptosporidiose. E para manter a infecção sob controle, recomenda-se a vermifugação periódica, porém criteriosa, após avaliação e prescrição de um(a) médico(a) veterinário(a).
Os casos graves e que demandam tratamento hospitalar, muitas vezes estão associados a outras doenças adjacentes, que devem ser o foco do tratamento. A desidratação muitas vezes precisa ser corrigida com fluidoterapia intravenosa e reposição de eletrólitos, sendo necessário uso de antibióticos específicos para o caso. A utilização de antidiarreicos deve ser avaliada caso a caso pelo(a) profissional responsável.
Prevenção
O uso indiscriminado de antiparasitários é um fator de risco para a doença, portanto, deve ser evitado.
Fornecer água e alimentos de origem conhecida, impedir aglomerações e manter o ambiente onde os animais ficam limpo é essencial para evitar a disseminação do parasita. Outro fator importante é impedir que os animais tenham acesso à rua sozinhos, permanecendo apenas domiciliados e com passeios junto do(a) responsável.
Prevenir qualquer fator que contribua para a redução da imunidade também é importante: minimizar o estresse e mudanças bruscas na alimentação, uso indiscriminado de antibióticos, fornecer alimentação de qualidade, vacinação e controle sanitário. Os animais sabidamente infectados devem ser mantidos isolados.
Referências Bibliográficas
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