Tudo sobre: Deformidades Congênitas
Introdução
As deformações ao longo dos ossos são condições congênitas que alteram a anatomia do membro dos pacientes acometidos e podem gerar problemas graves em articulações e musculatura. Acomete principalmente cães e é mais comum naqueles de raças de grande porte. Algumas deformidades podem ser secundárias, como nos cães de raças toys com luxação patelar, gerando encurvamento do fêmur e da tíbia. Os gatos também são afetados, mas a doença é bem menos comum nesta espécie.
O cruzamento sem critérios de irmãos e pais é um fator predisponente ao nascimento de filhotes com esse problema. As deformidades mais comuns ocorrem nos ossos dos membros torácicos e dos membros pélvicos e vão gerar consequências nas articulações do cotovelo e do joelho, respectivamente.
Desde muito jovem, já é possível notar o encurvamento do membro acometido e muitas vezes o mesmo animal pode apresentar diversas deformidades. É preciso diferenciar essas alterações daquelas que ocorrem no parto, quando o recém-nascido é tracionado de forma brusca e fratura algum osso.
À medida que o paciente cresce, essa deformidade se torna mais evidente e, consequentemente, mais problemática. Por isso é ideal uma avaliação profissional criteriosa, principalmente por parte de um ortopedista veterinário.
Transmissão
- Trata-se de uma doença que é passada geneticamente, ou seja, dos pais para os filhotes da ninhada.
Manifestações clínicas
- Desvios como o encurvamento evidente de um ou mais membros
- Claudicação
- Falta de apoio ou dificuldade intensa em andar e levantar
- Marcha irregular, com falta de equilíbrio
- Perda muscular nos membros pélvicos
Diagnóstico
- Achados do exame físico ortopédico associados ao histórico do paciente
- Epidemiologia da doença
- Radiografia
- Tomografia computadorizada
Observação: A realização e a definição da necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
Todas as deformidades ósseas significativas devem ser tratadas cirurgicamente e de forma precoce, para evitar o comprometimento de outras estruturas osteomusculares.
A fisioterapia é um componente auxiliar no pós-operatório e fundamental para recuperação completa do paciente.
A técnica cirúrgica a ser utilizada vai depender do grau da deformidade e da experiência do cirurgião, podendo haver necessidade de uso de implantes como placas ósseas e parafusos. Normalmente, é realizado um corte no osso (osteotomia) afetado, simulando uma fratura, e este é então reposicionado e fixado com o implante mais adequado. Técnicas extras podem ser necessárias quando o comprometimento de músculos e articulações já existe.
Quando o diagnóstico é tardio, muitas vezes é necessário avaliar o nível de comprometimento do membro e a qualidade de vida do animal. Neste momento, o tratamento conservativo intenso com medicações analgésicas e fisioterapia são fundamentais para evitar a amputação do membro afetado.
Prevenção
Por ser uma doença genética, é preciso ter muita atenção ao adquirir ou adotar um animal, conhecendo sua procedência. Após diagnosticado, o paciente deve ser imediatamente retirado da reprodução para evitar a passagem dos genes controladores da doença.
A prevenção de um comprometimento maior do membro afetado depende de um diagnóstico e tratamento precoce.
Referências Bibliográficas
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