Tudo sobre: Dermatite Úmida Aguda ou Dermatite Piotraumática
Introdução
Os problemas de pele são de grande importância na clínica médica de pequenos animais devido à grande prevalência de casos dermatológicos, sendo considerada uma das principais razões para os animais serem levados ao(à) médico(a) veterinário(a). É relatado que entre 20 a 75% dos animais de companhia examinados na clínica apresentam dermatopatias (doenças de pele) como queixa principal ou doença secundária.
A dermatite úmida aguda trata-se de uma infecção bacteriana da superfície da pele com desenvolvimento rápido, a qual é provocada por um trauma gerado pelo próprio animal. É bastante pruriginosa, ou seja, ocasiona coceiras, e costuma disseminar-se perifericamente ao corpo do animal.
As lesões costumam aparecer quando o paciente lambe, morde, mastiga, arranha ou fricciona uma área em seu corpo em resposta à coceira ou dor. Assim, a integridade superficial da pele é comprometida, de forma a se tornar exposta à umidade. Por consequência, a flora bacteriana natural residente na pele é alterada, permitindo a colonização por bactérias patogênicas (provocam doenças).
A lesão possui limites bem definidos, estando sem pelos e tem aspecto úmido, brilhante, eritematoso (lesão fica vermelha como em “carne viva”), podendo estar com pus ou crosta bastante aderente. O fato de ser pruriginosa e dolorosa leva o animal a coçar ainda mais a ferida, o que agrava o quadro.
Esta enfermidade costuma afligir cães e gatos, sendo menos frequente nos felinos. Pode ocorrer em todas as raças de cães, sendo mais comum em raças de pelagens densas e/ ou extensas, como Labrador Retriever, Golden Retriever, Chow-Chow, Terra nova, São Bernardo, Pastor Alemão e Rottweiler.
Transmissão
-Não se aplica
Manifestações clínicas
As lesões de pele geralmente são delimitadas, apresentando:
- Alopecia
- Prurido
- Eritema
- Pus
- Dor
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se na história clínica do animal, assim como no exame físico e exames complementares que podem ser solicitados pelo(a) médico(a) veterinário(a), como:
- Cultura bacteriana
- Citologia por impressão
- Biópsia de pele
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
O tratamento é essencial para evitar disseminação das lesões, pois caso não sejam adequadamente manejadas tendem a se tornar crônicas.
De acordo com prescrição veterinária, o tratamento pode se basear no manejo tópico da ferida por meio da limpeza com antissépticos para evitar maior disseminação bacteriana; uso de antibióticos locais e/ ou sistêmicos (sendo ideal a realização de antibiograma para detectar o antibiótico ideal a ser usado para combate dos agentes bacterianos, reduzindo as chances de resistência das bactérias aos medicamentos); uso de anti-inflamatórios para controle da inflamação cutânea.
É recomendado uso de colar elizabetano para evitar que o animal agrave a ferida por auto traumatismo.
Prevenção
A dermatite piotraumática ocorre por desequilíbrio na flora bacteriana, devido à quebra nas barreiras protetoras cutâneas, portanto a manutenção da saúde da pele do animal é de extrema importância para evitar a ocorrência desta doença. Para isso é indicado:
- Fornecer alimentação de qualidade, pois a nutrição reflete na pele;
- Realizar banhos periódicos, porém de forma equilibrada. O exagero na frequência de banhos retira a proteção natural da pele e predispõe às doenças;
- Após os banhos, evitar que a pele do animal fique úmida, pois isto estimula a proliferação de bactérias e fungos;
- Realizar controle de ectoparasitas (pulgas e carrapatos) para evitar que estes enfraqueçam a barreira protetora da pele.
Referências Bibliográficas
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