Tudo sobre: Dioctophyma renale
Introdução
A dioctofimose é uma doença ocasionada pelo verme denominado Dioctophyma renale, maior parasita conhecido, popularmente chamado de "verme gigante dos rins". As fêmeas do verme podem atingir até 100 cm e os machos até 45 cm. Possui coloração vermelho sangue correlacionada ao fato de apresentar hábito de ingerir sangue do seu hospedeiro (hematófago).
O primeiro relato de visualização desse parasita ocorreu em tartarugas de água doce. Hoje, sabe-se que possui como hospedeiro paratênico, ou seja, no qual não se desenvolvem mas se alojam em sua musculatura, especialmente rãs e peixes que, ao serem ingeridos, terão a liberação dos vermes (neles hospedados), que migram até o local de eleição (comumente os rins, especialmente o direito).
Sua ocorrência se dá principalmente em cães, mas podem acometer todos os mamíferos (domésticos ou selvagens), inclusive seres humanos. Associa-se maior frequência em cães não domiciliados com apetite depravado e populações ribeirinhas com ingestão de alimentos de origem duvidosa ou mal cozidos.
Os sinais clínicos são reduzidos ou inespecíficos. A gravidade varia dependendo do número de parasitas, duração da infecção, se ambos os rins estão envolvidos, se outros órgãos foram acometidos e da existência ou não de doença renal concomitante (geralmente não presentes quando o envolvimento renal é unilateral).
No exame de urina de animais infectados, pode ocorrer a detecção de ovos no sedimento urinário (formato elíptico e de coloração castanha amarelada, com uma a duas células no interior) e, em casos mais raros, é possível observar vermes jovens. ]
Durante a ultrassonografia abdominal, se os parasitas estiverem no rim é possível vê-lo destruído por uma estrutura cilíndrica e arredondada - o(s) próprio(s) verme(s)-, e o rim contralateral, muitas vezes, apresenta-se aumentado de tamanho na tentativa de compensar a deficiência do órgão afetado. É possível ainda constatar alterações decorrentes do parasitismo como inflamação da parede abdominal e líquido livre.
Transmissão
Ocorre exclusivamente pela ingestão dos hospedeiros intermediários sem correto preparo (má higienizados e má cozidos), de origem desconhecida.
Manifestações clínicas
- Hematúria
- Cólica renal
- Relutância a caminhar
- Poliúria
- Polidipsia
- Anorexia
- Êmese
- Perda de peso
- Abortos
- Apatia
- Mudança de comportamento
- Peritonite
- Fraqueza
- Convulsões
- Ascite
- Disúria
Diagnóstico
- Urinálise
- Ultrassonografia abdominal
- Radiografia abdominal
- Hemograma completo
- Creatinina
- Uréia
- Fósforo
Tratamento
O tratamento de eleição é a remoção cirúrgica do parasito e dependendo do nível de lesão ao rim, recomenda-se inclusive a retirada do órgão acometido (nefrectomia). Se o comprometimento for bilateral, é indicada unicamente a abertura do rim para a retirada dos vermes.
Em casos onde o verme não está alojado nos rins, recomenda-se a retirada do verme do local e tratamento subjacente necessário para minimizar os efeitos que tenham ocasionado (analgésicos, anti-inflamatórios dentre outros).
Prevenção
Recomenda-se evitar o consumo de peixes, rãs ou sapos crus ou pouco cozidos; atentar-se à origem dos alimentos adquiridos, ter cuidados com a higiene na produção dos alimentos. Ressalta-se ainda a necessidade de intensificar o cuidado com os cães errantes e população susceptível.
Referências Bibliográficas
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SOUSA, Antonio Augusto Rodrigues de; SOUSA, Adriana Abreu Soares de; COELHO, Maria Cristina Oliveira Cardoso; QUESSADA, Ana Maria; FREITAS, Maria Vitória Mendes de; MORAES, Renan Fernandes Nascimento. Dioctofimose em Cães. Acta Scientiae Veterinariae, [s. l.], 9 nov. 2011.
SOUZA, Milane Sales; DUARTE, Grazielly Diniz; BRITO, Soraya Abrantes Pinto; FARIAS, Leonardo Alves. Dioctophyma renale: Revisão. Pubvet - Medicina veterinária e zootecnia, [s. l.], v. 13, n. 6, p. 1 - 6, 10 jun. 2019. DOI https://doi.org/10.31533/pubvet.v13n6a346.1-6.