Tudo sobre: Fístula Oronasal
Introdução
A fístula oronasal é a comunicação anormal entre as cavidades oral e nasal. Doenças periodontais, abscessos periapicais, traumatismos, neoplasias, má formação congênita, necrose por radiação, extrações dentárias mal executadas, queda de pontos cirúrgicos são algumas das causas mais frequentes de formação de fístulas.
A ocorrência é devido à pequena quantidade de tecido ósseo palatino nasal existente entre o ápice do dente e a cavidade nasal. As fístulas podem ocorrer em qualquer região do palato duro em função do comprometimento de qualquer dente maxilar. Há relatos em que a má oclusão dentária favoreça o surgimento de fístulas, pois os dentes inferiores acabam perfurando o palato duro.
As doenças periodontais graves que geralmente culminam em fístulas são mais presentes em cães de porte pequeno e de idade avançada. Em felinos, essa manifestação não é muito comum, porém há estudos que relatam a raça
como a mais predisposta a apresentá-la devido a formação da arcada dentária e disposição dos dentes.Algumas fístulas oronasais discretas não causam sinais clínicos, além disso, a identificação das mesmas durante o exame físico de rotina em pacientes despertos e inquietos pode ser difícil. Dessa forma, o clínico pode solicitar a sedação para melhor avaliação da cavidade oral, dos dentes e possíveis fístulas.
Transmissão
Manifestações clínicas
Sinais inespecíficos (isolados ou em conjunto):
- Dor
- Halitose
- Hiporexia
- Anorexia
- Pirexia
- Corrimento nasal
- Epistaxe
- Edema
- Espirro
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, exame físico da cavidade oral, epidemiologia e exames complementares.
Exames que o médico veterinário pode solicitar:
- Radiografia intra-oral
- Cultura com Antibiograma Combinado (Anaeróbios + Aeróbios)
- Hemograma completo
- Urinálise
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do Médico Veterinário.
Tratamento
A fístula oronasal, mesmo apresentando-se de pequeno diâmetro, raramente evolui para cura espontânea, uma vez que a mucosa das cavidades oral e nasal se une ao redor das margens da fístula e resulta em comunicação oronasal permanente. Dessa forma, o tratamento de escolha é o cirúrgico. Porém, em casos de fístulas originadas por exondontia (extração) de dentes comprometidos por periodontite grave, o médico veterinário pode estabelecer o tratamento medicamentoso, com antibióticos e anti-inflamatórios, para que se elimine a infecção local, para então submeter o animal a correção cirúrgica.
Antes de encaminhar o animal para a cirurgia, o clínico pode solicitar alguns exames laboratoriais (hemograma, bioquímicos, testes de coagulação, urinálise, eletrocardiograma), principalmente em animais com idade avançada, para garantir que o paciente está apto para ser submetido a anestesia. Após o procedimento, o veterinário pode receitar antibióticos, anti-inflamatórios e analgésicos para melhor recuperação pós-cirúrgica.
A limpeza da cavidade oral com solução antisséptica para prevenir a abertura dos pontos cirúrgicos e o desenvolvimento de novas infecções bacterianas pode ser recomendada. O tutor deve estar atento a todas as instruções realizadas pelo clínico com o intuito de garantir a recuperação mais rápida e efetiva do animal. Há ainda a necessidade de alterar a alimentação do animal para líquida e pastosa até a cicatrização completa da ferida cirúrgica.
Prevenção
Como profilaxia das fístulas oronasais, o tutor deve cuidar para que o animal não desenvolva problemas dentários, que frequentemente são as razões dessa doença. Para isso, recomenda-se que o animal tenha uma alimentação de boa qualidade, de acordo com a faixa etária e as necessidades nutricionais do animal; que seja realizada a higiene bucal diariamente, através da escovação e uso de enxaguantes bucais com antissépticos orais específicos para animais; realizar consultas com o médico veterinário periodicamente para check-up, e procurar atendimento clínico especializado em qualquer alteração de comportamento do animal, principalmente relacionado aos hábitos alimentares.
Referências Bibliográficas
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