Tudo sobre: Glucagonoma
Introdução
O glucagon é um hormônio muito importante para o organismo, pois juntamente com a insulina auxilia na regulação da glicemia. Ele estimula o fígado a decompor carboidratos e lipídios armazenados no corpo, transformando-os em fontes rápidas de energia quando há redução dos níveis de glicose no sangue.
O glucagonoma é uma neoplasia endócrina incomum caracterizada pelo crescimento anormal de uma massa localizada no pâncreas que também secreta glucagon. Essa dupla secreção deste hormônio aumenta concentração sérica e desencadeia diversas reações prejudiciais aos sistemas orgânicos.
O crescimento do tumor se dá nas células alfapancreáticas e embora sejam de raros aparecimentos, a maioria dos casos é maligno, apresentando metástases em fígado, linfonodos hepáticos e mesentéricos. Possui crescimento lento, o que pode levar a um diagnóstico tardio. Sua origem não é bem esclarecida e até então, não existem fatores de risco consistentes que indiquem predisposição a esta enfermidade.
A Diabetes Mellitus é uma das consequências mais comum nos casos de Glucagonoma, uma vez que a hiperglucagonemia acarreta a hiperglicemia persistente, sem o mecanismo de compensação da insulina. O tumor pode ainda provocar uma doença rara conhecida como Necrose Epidérmica Metabólica, que corresponde a lesões severas na pele com características erosivas, ulceradas ou escamosas com espessas crostas queratinizadas. Isso acontece devido à alta concentração de glucagon circulante que este é responsável pelo metabolismo de aminoácidos (via gliconeogênese), e a diminuição dos níveis de aminoácidos plasmáticos gera depleção proteica epidérmica e necrose da pele.
Nos cães, as lesões de pele são geralmente mais identificadas nas patas, na face, nas superfícies articulares, nos pontos de proeminência óssea e no baixo abdome.
Transmissão
-Não se aplica
Manifestações clínicas
Sinais inespecíficos (isolados ou em conjunto):
- Anorexia/ hiporexia
- Diarreia
- Alopecia
- Letargia
- Emagrecimento
- Caquexia
- Êmese
- Hiperqueratose
- Dor abdominal
- Poliúria
- Polidipsia
- Descamação de Pele
- Eritema
- Ulceração de pele
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, epidemiologia e exames laboratoriais.
Exames que o(a) médico(a) veterinário(a) pode solicitar:
- Hemograma completo
- Albumina
- ALT – TGP
- AST – TGO
- Fósforo
- Potássio
- Glicose
- Curva Glicêmica
- Ultrassonografia abdominal
- Radiografia abdominal e torácica
- Tomografia Computadorizada abdominal e torácica
- Citologia – PAAF ou Imprint
- Biópsia
- Histopatológico com Coloração de Rotina
- Histopatológico com coloração Especial
- Pesquisa Direta para Sarnas e Fungos (Raspado de pele)
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
A escolha do tratamento será determinada de acordo com a gravidade dos sinais clínicos, a idade do(a) paciente, a existência de outras doenças simultâneas, a vontade e disponibilidade dos(as) tutores(as) e os resultados dos exames de imagem. Para a maioria dos casos, a ressecção cirúrgica completa (remoção) da neoplasia é o tratamento de escolha. A pancreatite pode ser uma complicação após a cirurgia pancreática.
Após a cirurgia, o(a) médico(a) veterinário(a) pode indicar a alteração na dieta para favorecer a restauração do organismo. A suplementação com ácidos graxos essenciais, zinco e alguns tipos de aminoácidos podem auxiliar na recuperação cutânea.
Há estudos também quanto ao uso de alguns quimioterápicos e bloqueadores de glucagon, mas os resultados ainda não são consistentes.
Prevenção
Quando se trata de neoplasias, não há prevenção eficaz que impeça o desenvolvimento da doença. Porém, no decorrer da vida clínica do animal, o(a) tutor(a) deve ser orientado sobre a possibilidade do desenvolvimento desses tumores e deve estar atento a quaisquer mudanças comportamentais e físicas de seus animais.
É importante levá-los para check up semestral ou anual de acordo com a orientação veterinária. O diagnóstico precoce do glucagonoma pode aumentar as chances de sobrevida do animal, pois a detecção da doença nos primeiros sinais possibilita a melhor efetividade das terapias, diminuindo os efeitos deletérios da hiperglicemia prolongada, além de reduzir as taxas de disseminação do tumor.
Referências Bibliográficas
BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Sauders Clínica de Pequenos Animais.3. Ed. São Paulo: Rocca, 2008. 2005 p.
FARIAS, M. R. et al. Síndrome do glucagonoma em cão. An. Bras. Dermatol. vol.83 no.2 Rio de Janeiro Mar./Apr. 2008
LANGERS, N. B. et al. Canine glucagonoma. Compendium on continuing education for the practicing veterinarian. V 23: 56-63, 2003.
PADOVANI, L. et al. Insulinoma canino: relato de caso. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.69, n.6, p.1466-1472, 2017
SILVA, C. V. O. et al. Hiperinsulinismoassociado a neoplasia de células beta do pâncreas. Rev. Ciên. Vet. Saúde Públ., v. 5, n. 2, p. 185-190, 2017.