Tudo sobre: Hipoglicemia
Introdução
A hipoglicemia é provocada pela redução de glicose (açúcar) na corrente sanguínea. Sua ocorrência pode ser associada a diversas etiologias (causas), entre elas:
- Captação excessiva de glicose por células normais (como no caso de insulinoma, o qual é descrito como tumores de células β pancreáticas – as quais produzem o hormônio insulina em excesso, provocando redução da glicemia, pois promove a entrada da glicose nas células);
- Ingestão de xilitol, um açúcar que estimula a secreção de insulina por parte das células β pancreáticas;
- Tumores que aumentem a produção de insulina ou de substância semelhante à insulina;
- Comprometimento da gliconeogênese (processo em que determinadas substâncias são convertidas em glicose) e glicogenólise (processo de degradação rápida do glicogênio para liberação de glicose na circulação sanguínea) por doença hepática;
- Hipoadrenocorticismo, em que há insuficiência de produção de cortisol, o qual estimula a gliconeogênese;
- Ingestão inadequada de glicose;
- Sepse (por consumo de glicose pelos microorganismos patogênicos);
- Hipoglicemia iatrogênica (por administração excessiva de insulina em animais diabéticos);
- Hipoglicemia juvenil (principalmente em raças toys);
- Hipoglicemia neonatal (de recém-nascidos);
- Síndromes paraneoplásicas (conjunto de manifestações clínicas que ocorrem concomitantemente com a presença de um tumor) que induzem produção excessiva de insulina ou substâncias semelhantes à insulina.
A anamnese, exames clínicos e complementares são necessários para investigar a ocorrência de hipoglicemia e suas possíveis causas.
Transmissão
-Não se aplica
Manifestações clínicas
Os sinais clínicos costumam ocorrer quando os valores da glicemia se apresentam abaixo de 45 mg/dL (variável). As manifestações clínicas ocorrem sobretudo pela neuroglicopenia (escassez de glicose no cérebro), podendo provocar:
- Convulsão
- Fraqueza
- Colapso
- Ataxia
- Letargia
- Cegueira
- Fadiga
- Anorexia
- Vertigem
- Distúrbios comportamentais
- Coma
Além destas, por aumento na liberação de catecolaminas (compostos importantes na contrarregulação da glicemia) é possível que o animal demonstre:
- Inquietação
- Nervosismo
- Fome
- Fasciculações musculares (contrações involuntárias dos músculos)
Os sinais clínicos típicos de hipoglicemia geralmente são intermitentes e os cães e gatos tendem a se recuperar de convulsões hipoglicêmicas dentro de alguns minutos.
Diagnóstico
- Hemograma
- Exames bioquímicos sanguíneos*, nos quais além da requisição da mensuração dos valores de glicose, pode-se solicitar outros compostos de acordo com a suspeita da causa da hipoglicemia
- Testes rápidos de glicemia
- Urinálise
*Para mensuração da glicemia por métodos bioquímicos, é necessário que o animal esteja em jejum por aproximadamente 12 horas e é recomendado que o soro ou plasma sejam separados o mais rápido possível (dentro de 30 minutos) para que não haja redução da concentração de glicose devido à sua metabolização por parte das células sanguíneas). É recomendado que seja utilizado o tubo contendo fluoreto de sódio (um anticoagulante que impede que as células utilizem a glicose).
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
É necessária administração de glicose para controlar as crises hipoglicêmicas. No caso de convulsões por hipoglicemia, pode-se esfregar uma mistura de açúcar na gengiva do animal, lembrando que a solução não deve ser despejada na boca do pet e no momento da crise é aconselhado não colocar as mãos dentro da boca do animal para evitar acidentes.
A administração de corticoide recomendada pelo(a) médico(a) veterinário(a) costuma ser efetiva no aumento dos níveis de glicose através da indução da gliconeogênese hepática.
Em casos de tumores que sejam responsáveis pela hipoglicemia, talvez possa ser necessário ressecção cirúrgica.
Ressalta-se que a terapia deve estar baseada na eliminação da causa primária da hipoglicemia.
Prevenção
A prevenção da ocorrência de hipoglicemia em animais que possuam doenças que cursem com esta manifestação é de suma importância para evitar que esta se desenvolva, mas para isto é preciso que a causa primária seja extinta.
O fornecimento de alimentação adequada também é relevante para evitar a deficiência de glicose ao animal, principalmente em neonatos e filhotes. Além disso, deve-se estar atento ao que é fornecido aos pets, pois doces contendo a substância xilitol – citada anteriormente – podem provocar hipoglicemia.
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