Tudo sobre: Insuficiência Cardíaca Congestiva Esquerda (ICCE)
Introdução
O coração é o órgão responsável por bombear todo o sangue para o organismo e possui características individuais que o difere de todos os demais órgãos. O miocárdio, músculo do coração, e as coronárias, artérias que o irrigam, possuem peculiaridades que não são encontradas em nenhum outro órgão.
O coração é dividido em quatro câmaras, sendo dois átrios (esquerdo e direito) e dois ventrículos (esquerdo e direito). Átrios e ventrículos do mesmo lado se comunicam através de válvulas específicas, mas as câmaras direitas e esquerda não se comunicam entre si. No lado esquerdo do coração encontra-se a válvula mitral que separa o átrio esquerdo, que recebe sangue do pulmão (com muito oxigênio), do ventrículo esquerdo, responsável por distribuí-lo para a circulação corporal. O sangue sempre deve fluir dos átrios para os ventrículos, mas quando há uma degeneração das válvulas ou outras alterações cardíacas, pode haver retorno sanguíneo, prejudicando o funcionamento normal do órgão e levando a problemas graves, como insuficiência cardíaca congestiva.
A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) ocorre devido à falha do coração em bombear sangue para o organismo, com consequente aumento das pressões venosa e capilar, que leva à congestão de órgãos e vasos. A ICC pode ser classificada de acordo com o lado acometido. Assim, a insuficiência em bombear sangue do lado esquerdo é chamada de insuficiência cardíaca congestiva esquerda e resulta em congestão da circulação pulmonar. Quando há retorno de sangue por onde ele não deveria, como no caso da regurgitação da válvula mitral, ocorre a congestão (o sangue pára de fluir e fica estagnado em determinados locais) e, à medida que o coração falha, desenvolve a ICC.
As câmaras cardíacas vão gradativamente aumentando de tamanho, agravando o problema, se não for controlado.
As causas podem ser genéticas, congênitas (alterações no desenvolvimento e, por isso, o filhote já apresenta sinais) ou adquiridas (uso indevido de medicamentos, infecções virais e bacterianas).
Embora a ocorrência de ICC esquerda seja menor se comparada à ICC direita, os animais mais frequentemente acometidos são os mesmos: raças de pequeno porte (Poodle, Pinscher, Shih-Tzu, Dachshund) e o Cocker.
Frequentemente os primeiros sinais aparecem após os cinco anos de idade, sendo a média de diagnóstico entre seis e 10 anos.
Transmissão
-Nao se aplica
Manifestações clínicas
- Dispneia*
- Tosse úmida*
- Ortopneia*
- Sícope
- Intolerância ao exercício
- Perda de peso
- Inapetência
- Apatia
* Síntomas decorrentes de edema pulmonar
** Efusão pleural pode ocorrer em felinos.
Diagnóstico
- Exame clínico associado ao histórico do paciente
Exames complementares que o(a) médico(a) veterinário(a) pode solicitar:
- Eletrocardiografia
- Ecocardiografia
- Radiografia torácica
- Ultrassonografia dos campos pulmonares - vet BLUE (Veterinary Bedside Lung Ultrasound Exam)
Observação: A realização e a definição da necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
Os animais portadores da ICCE são classificados de acordo com a gravidade da doença, por isso os tratamentos também diferem. Os animais predispostos, mas sem sinais clínicos, devem ser apenas acompanhados periodicamente, porém, mesmo com sinais iniciais, há necessidade de melhorar a condição cardíaca dos pacientes. Em pacientes com ICCE, a intenção da terapia é retardar a evolução do quadro, proporcionando melhor qualidade de vida. Assim, o objetivo é reduzir a carga sobre o coração, com a diminuição do volume sanguíneo que chega por minuto (pré-carga) e redução do esforço para saída do sangue (pós-carga), utilizando principalmente diuréticos; controlar a pressão arterial e aumentar a contração cardíaca; utilizar anti-arrítmicos em casos de arritmia; e, além disso, também pode-se utilizar nutracêuticos, como o ômega 3 e ômega 6.
Se a doença evoluir, as doses e frequência de utilização dos fármacos mudam de acordo com a necessidade.
Os pacientes descompensados precisam receber tratamento emergencial com oxigenioterapia e demais terapias que melhorem a circulação sanguínea e a respiração. Drenagem de líquido pleural/ pericárdico e outros procedimentos invasivos podem se fazer necessários. O tratamento de complicações, como a hipertensão pulmonar e a deterioração dos rins, deve ser feito após acompanhamento criterioso.
Prevenção
Não reproduzir os animais portadores, principalmente aqueles que apresentam os sinais muito jovens, uma vez que podem transmitir a alteração para a ninhada.
Prevenção de infecções por vírus, como parvovírus, e por bactérias, principalmente o controle da higiene bucal, auxiliam na profilaxia. As limpezas dentárias periódicas são essenciais, pois as placas bacterianas se desprendem dos dentes e, quando atingem a circulação, tendem a acelerar o processo de degeneração das válvulas cardíacas.
Referências Bibliográficas
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Tillley, P.L e Smith, Jr. K. W. F. Consulta Veterinária em 5 minutos. Espécie Canina e Felina. 2003. 2ed. São Paulo: Manole. 1560p.