Tudo sobre: Insuficiência Hepática Aguda
Introdução
O fígado é responsável pela produção de proteínas, detoxificação do sangue, metabolização de substâncias, defesa contra os microorganismo invasores no sangue que irriga o trato gastrointestinal, digestão e metabolização dos alimentos, produção de bile, neutralização de substâncias tóxicas e posterior excreção pela bile ou urina, e reserva de glicose.
A insuficiência hepática aguda ocorre quando o fígado torna-se afuncional em um curto espaço de tempo, geralmente decorrente de uma lesão grave e de forma rápida. Devido à perda de funções vitais, o animal adoece rapidamente, necessitando de tratamento em poucas horas ou dias.
Essa doença acomete cães e gatos e pode ser devido a várias causas, como ingestão de toxinas, reações medicamentosas, neoplasias, lipidose hepática em felinos e infecções. Infelizmente, a causa é difícil de ser determinada.
O sinal clínico mais característico é a icterícia, os demais sinais são inespecíficos: apatia, vômito, anorexia e dor abdominal. Nos casos avançados, o animal pode desenvolver edema cerebral e sepse. As principais complicações são infecções, defeitos da coagulação, encefalopatia hepática e hipoglicemia.
O diagnóstico é baseado no histórico, exames bioquímicos e de imagem. O tratamento deve ser realizado o mais breve possível. Se a causa base for conhecida, essa deve ser removida, se houver antígenos, estes devem ser administrados. Como a causa da doença é difícil de ser estabelecida, geralmente o tratamento é de suporte (tratar os sinais clínicos).
O prognóstico irá variar com a causa da doença, o grau do dano, a capacidade de regeneração do fígado, data de início e resposta ao tratamento. Geralmente o prognóstico da doença é ruim.
Transmissão
-Adquirida
Manifestações clínicas
-Êmese
-Diarreia
-Icterícia
-Anorexia
-Letargia
-Poliúria
-Polidipsia
-Dor abdominal
-Aumento de volume abdominal
-Alteração de comportamento
-Gengivite
Diagnóstico
-Associação da anamnese, histórico e exame clínico
-Exames bioquímicos: FA, ALT, AST, GGT, FA, bilirrubina total e frações, glicose, proteína total e frações, dosagem de eletrólitos e amônia
-Gasometria
-Ultrassonografia abdominal
-Tomografia computadorizada
-Ressonância magnética
-Histopatologia
Tratamento
Tratamento suporte:
-Fluidoterapia intravenosa
-Manutenção da glicemia
-Manutenção dos eletrólitos
-Protetores hepáticos
-Controle nutricional
Terapia específica:
-A lipidose hepática é uma doença comum nos felinos, decorrente de jejum prolongado. A terapia consiste na suplementação nutricional precoce e apropriada. A alimentação forçada não é recomendada, pois pode resultar em aversão ao alimento.
-A intoxicação por acetominofeno pode ser revertida com o uso de um antídoto específico.
Controle das complicações
-Transfusão de plasma e uso de vitamina K para o tratamento de coagulopatias
-Antibioticoterapia nos casos em que infecções se desenvolverem
-É comum ocorrer sangramento gastrointestinal, assim, este pode ser tratado com protetores gástricos e anti-ácidos
- O nível de glicose deve ser avaliado, pois os pacientes tendem a desenvolver hipoglicemia, assim, pode ser necessário reposição de glicose
-Tratamento da encefalopatia hepática, aumento da pressão intracraniana e edema cerebral
Prevenção
Algumas causas de insuficiência hepática aguda, como as transmitidas por agentes infecciosos e as causadas por intoxicação medicamentosa, podem ser prevenidas.
A adenovirose e a leptospirose são exemplos de doenças que podem acometer animais não vacinados e levar ao desenvolvimento de insuficiência hepática aguda. Assim, a vacinação é uma medida preventiva.
Os animais não devem ser medicados sem instrução de um(a) Médico(a) Veterinário(a), muitos tutores tentam ajudar seu animal e podem utilizar fármacos ou doses inadequadas para a espécie, causando casos graves de insuficiência hepática.
Referências Bibliográficas
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