Tudo sobre: Intoxicação por bufotoxina
Introdução
A intoxicação por bufotoxina caracteriza-se pelo processo toxicológico em cães ao entrarem em contato com o veneno de sapos. Os sapos apresentam glândulas parótidas na superfície da pele da região posterior aos olhos que agem como mecanismo de defesa, produzindo e armazenando um veneno mucoso e esbranquiçado. A intoxicação ocorre quando os cães, ao morderem o sapo, comprimem tais glândulas, entrando em contato direto com o veneno que é rapidamente absorvido pela mucosa oral e trato gastrointestinal superior.
O gênero Bufo, que se caracteriza pela produção da bufotoxina em suas glândulas, apresenta distribuição mundial com aproximadamente 200 espécies conhecidas. Há maior prevalência das diversas espécies de sapos em regiões de clima quente e úmido, como o Brasil.
Na rotina clínica veterinária não são recorrentes os casos de intoxicação por bufotoxina, uma vez que se trata de um diagnóstico difícil e nem sempre levado em consideração, além da maioria dos casos não ser letal. A maioria dos incidentes ocorre no período da noite, justificado pelo hábito noturno dos sapos, o que dificulta a percepção do(a) tutor(a) quanto à identificação do fato e a observação dos primeiros sinais clínicos.
Em cães de pequeno porte, o acometimento é mais grave e intenso, uma vez que uma menor quantidade de toxina já desencadeia a sintomatologia. As intoxicações são mais comuns em áreas rurais e regiões próximas aos rios e lagos. As toxinas do sapo apresentam substâncias como adrenalina, noradrenalina e serotonina que são potentes vasoconstritores, resultando em aumento da pressão arterial. As bufotoxinas também aumentam a concentração de cálcio no sistema cardiovascular, causando fibrilação cardíaca, podendo até levar o animal a óbito. O sistema digestivo também é bastante afetado.
Transmissão
Manifestações clínicas
Sinais inespecíficos (isolados ou em conjunto):
- Ataxia
- Êmese
- Poliúria
- Polidipsia
- Polifagia
- Arritmia
- Excitação
- Sialorreia
- Midríase
- Opistótono
- Nistagmo
- Petéquias
- Diarreia
- Irritação da mucosa oral
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, epidemiologia, exames físico e laboratoriais.
Exames que o(a) médico(a) veterinário(a) pode solicitar:
-Hemograma completo
-Eletrocardiograma
-Bioquímica - Cálcio
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
Não existe antídoto específico para as bufotoxinas e, portanto, o tratamento baseia-se na terapia suporte com alívio dos sinais clínicos. É geralmente realizada a oxigenoterapia associada à fluidoterapia. Recomenda-se a lavagem da boca do animal em água corrente além de sonda gástrica para lavagem estomacal. O uso de carvão ativado, indicado por um(a) Médico(a) Veterinário(a), tem se mostrado efetivo na redução da concentração ou mesmo eliminação da toxina no organismo animal. Caso ocorra casos convulsivos, diazepan é recomendado. O acompanhamento eletrocardiográfico é necessário durante a recuperação do animal.
Diagnósticos diferenciais devem ser levados em consideração, como: intoxicação por substâncias cáusticas, inseticidas, metaldeído, outros agentes irritantes bucais e anticolinesterásicos.
Prevenção
Não existe profilaxia eficaz contra a intoxicação por bufotoxinas, uma vez que o ato predatório diz respeito ao instinto dos cães.
Pode-se evitar que os cães fiquem soltos no período noturno, em regiões de rios e lagos onde ocorra a permanência de sapos.
Referências Bibliográficas
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