Tudo sobre: Intoxicação por Chocolate
Introdução
A relação entre os animais de estimação e o ser humano está cada vez mais próxima. Sendo assim, eles compartilham de ambientes e momentos com os seus responsáveis humanos, inclusive na hora das refeições. Muitas pessoas oferecem alimentos inapropriados ou muitas vezes tóxicos com seus animais, sem o conhecimento dos efeitos maléficos que podem ocorrer, levando à intoxicação.
O chocolate é um alimento que apresenta em sua composição o cacau, composto por substâncias denominadas metil-xantinas (teobromina e cafeína), que são alcalóides derivados das xantinas. Essas substâncias causam diversos problemas de saúde associadas à intoxicação em cães e gatos de qualquer idade, sexo ou raça, principalmente a teobromina, que apresenta concentrações maiores no chocolate quando em comparação com a cafeína.
Os cães são mais comumente afetados por apresentarem maior interesse pelo chocolate do que os gatos. A teobromina causa estímulo cerebral e aumento da atividade musculatura cardíaca, resultando em arritmias cardíacas. Isso ocorre porque diferentemente do ser humano, os cães metabolizam a teobromina de maneira mais lenta. Quanto maior o teor lipídico do chocolate, menor o risco de ingestão para os animais. Sendo assim, o chocolate branco é menos perigoso, diferentemente do amargo e meio-amargo, que apresentam maior concentração de teobromina, representando maior risco de intoxicação.
O quadro sintomatológico depende da quantidade das substâncias no chocolate, que depende do tipo e marca, bem como variação natural do cacau utilizado, sensibilidade individual do animal e peso. Um cão de 10 kg pode se intoxicar com 250 gramas de chocolate em pó. Geralmente, iniciam-se de forma branda e podem se intensificar, podendo levar à morte devido à hipertermia, arritmia cardíaca e/ ou insuficiência respiratória. Pode ocorrer pancreatite associada devido à alta concentração de gordura contida no chocolate. É importante que o animal seja atendido por um(a) médico(a) veterinário(a) caso ocorra a ingestão de chocolate, uma vez que a teobromina permanece no organismo por até seis dias.
Transmissão
-Não se aplica
Manifestações clínicas
Variáveis conforme o tipo de chocolate, natureza do cacau e sensibilidade individual do animal:
-Começam a aparecer de seis a 12 horas após a ingestão do chocolate
- Êmese
- Diarreia
- Distensão abdominal
- Inquietação
- Poliúria
- Polidipsia
- Hiperatividade
- Ataxia
- Tremores
- Rigidez
- Taquicardia (efeitos cardiotóxicos)
- Taquipneia
- Convulsões
- Hipertensão
- Coma
- Pirexia
- Bradicardia e hipotensão (menos comuns)
Diagnóstico
- Histórico de ingestão do animal
- Sinais clínicos de intoxicação
Observação: A realização e a definição da necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
Uma vez que não existe um antídoto para as substâncias que causam intoxicação por chocolate em cães e gatos, o tratamento depende da sintomatologia apresentada pelo petl, tendo como objetivo estabilizar o paciente. Quando o animal ainda não apresenta sintomatologia clínica, que geralmente inicia-se algumas horas após a ingestão, pode ser realizada a lavagem gástrica, bem como administração oral de carvão ativado, para que assim as substâncias não sejam absorvidas pelo trato gastrointestinal.
A fluidoterapia é realizada com o objetivo de aumentar a excreção e eliminação do agente. A bexiga deve ser sondada e permanecer vazia para que a urina não se acumule, uma vez que o órgão pode absorver as xantinas. Por fim, devem ser administrados fármacos para o controle de convulsões e arritmias, quando presentes.
Caso seja julgado como necessário pelo(a) médico(a) veterinário(a), o animal deve permanecer internado para que seja realizado acompanhamento por um profissional capacitado, uma vez que a teobromina permanece no organismo por alguns dias. O monitoramento cardíaco e de possíveis convulsões é de fundamental importância.
Prevenção
Como prevenção, não deve ser administrada nenhuma quantia de chocolate ou produtos contendo chocolate para cães e gatos, devendo ser mantidos fora do alcance dos pets.
Referências Bibliográficas
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