Tudo sobre: Leucoencefalomielopatia do Rottweiler
Introdução
A leucoencefalomielopatia é uma doença rara, com pouca discussão na literatura veterinária que foi primeiramente diagnosticada nos Estados Unidos e, por ser de grande importância para os criadores desta raça em específico, recebeu o nome de leucoencefalomielopatia do Rottweiler, sendo diagnosticada apenas nesses cães. É uma doença degenerativa e crônica do sistema nervoso central (SNC) que leva à ataxia (dificuldade em andar) progressiva. Acomete Rottweilers entre um e quatro anos e sua causa e mecanismo são pouco conhecidos.
Na literatura atual são descritos apenas 22 casos, mas acredita-se que isso se deve ao fato da doença ser pouco conhecida e, consequentemente, subdiagnosticada. Tem caráter genético e afeta a medula espinhal, regiões do cerebelo, tratos ópticos (responsáveis pela visão e localizados no encéfalo) e até mesmo pontos de origem do nervo trigêmeo, também no SNC. Na maioria dos casos, o diagnóstico era presuntivo e de acordo com os sinais clínicos, mas atualmente existem testes genéticos que podem determinar a presença do gene causador da doença e imagens de ressonância magnética apontam lesões bem características.
Esta afecção recebe esse nome, pois afeta encéfalo e medula (especialmente região cervical) e as principais células envolvidas no processo da doença são os leucócitos, células de defesa do organismo. Ainda não se sabe o que realmente acontece e os reais motivos da predominância desse tipo celular no local das lesões, mas é reconhecido que os leucócitos são células que migram para locais inflamados. A causa principal dessa inflamação e atração dos leucócitos para os sítios problemáticos ainda não foi esclarecida. Sabe-se também que os níveis de lactato encontram-se aumentados apenas no SNC, mas no sangue permanecem dentro da normalidade.
Transmissão
-Hereditária
Manifestações clínicas
- Ataxia progressiva
- Hipermetria
- Déficits de postura
- Paresia ou paralisia (dos quatro membros)
- Cegueira
Diagnóstico
- Exame neurológico minucioso, histórico do paciente (considerar principalmente a raça) e exclusão de outras desordens que acometem encéfalo e medula espinhal, principalmente quando não se tem acesso à exames avançados
- Testes genéticos (realizados apenas fora do Brasil)
- Ressonância magnética
Observação: A realização e a definição da necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
Não existe tratamento ou cura para essa doença, ela é progressiva e eventualmente os animais evoluem para um quadro de perda extrema de qualidade de vida. Dependendo do grau de inflamação gerada, pode levar ao óbito por quadros de meningite, mielite e encefalite. O prognóstico, ou seja, a chance de sucesso e manutenção de qualidade de vida do paciente é extremamente desfavorável.
O que se pode fazer é dar suporte ao paciente acometido, principalmente cuidados de enfermagem e manutenção do animal em locais confortáveis para que ele não se machuque devido à dificuldade de andar e se manter de pé, que vai piorando com o tempo. Aos poucos o animal pode perder a capacidade de se alimentar e ingerir água sozinho, sendo fundamental o suporte hídrico e nutricional.
Se a evolução da doença parar na tetraplegia, os cuidados de enfermagem podem manter o animal confortável, mas é importante o acompanhamento criterioso de um neurologista e o respeito ao animal, que deve ter sua qualidade de vida priorizada e, em algum ponto, a leucoencefalomielopatia pode se tornar incompatível com a vida.
Prevenção
Não se deve reproduzir animais portadores da doença ou dos genes, quando é possível realizar esse rastreamento. Para evitar a disseminação da doença, ao adquirir um cão da raça Rottweiler, especialmente, é preciso ter critério na escolha do canil.
Referências Bibliográficas
GAMBLE, D. A. e CHRISMAN, C. l. A leukoencephalomyelopathy of rottweiler dogs. Veterinary Pathology. v.21, n.3, p.274-280, 1984.
HIRSCHVOGEL, K. et al. Magnetic resonance imaging and genetic investigation of a case of rottweiler leukoencephalomyelopathy. BMC Veterinary Journal. v.9, n.57, p.1-18, 2013.
WOUDA, W. e VAN NESS, J. J. Progressive ataxia due to central demyelination in rottweiler dogs. Veterinary Quarterly. v.8, n.2, p.89-97, 1986.