Tudo sobre: Lisencefalia / Lissencefalia
Introdução
O cérebro possui a característica anatômica de ter áreas mais elevadas (giros) formando circunvoluções entremeadas por áreas mais deprimidas, os sulcos cerebrais. Na lisencefalia ou agiria há redução ou ausência dos giros cerebrais. Há também uma condição onde os sulcos estão reduzidos graças ao aumento exacerbado das circunvoluções, sendo denominada paquigiria. Em ambas as situações o cérebro aparenta ter a superfície lisa. Essa condição representa uma anormalidade na maioria dos animais domésticos, exceto em camundongos, ratos, coelhos e aves, os quais apresentam naturalmente redução das circunvoluções.
É uma doença do desenvolvimento rara em cães e gatos e resulta na deficiência de migração de neurônios para amadurecimento do sistema nervoso central. Alguns estudos demonstram que a ausência da migração dessas células esteja ligada a mutações em genes, o que pode explicar o caráter hereditário da doença que afeta mais frequentemente algumas raças como Lhasa Apso, Fox Terrier de pêlo duro, Setter Irlandês, Beagle e Samoieda, e gatos da raça Korat. A lisencefalia é uma condição que acompanha o animal desde sua concepção não tendo predisposição quanto ao gênero.
Transmissão
-Caráter genético
Manifestações clínicas
Assintomático ao nascimento
Sintomas que podem estar presentes (isolados ou em conjunto):
-Agressividade
-Rosnar para objetos imaginários
-Confusão mental
-Hiperatividade e prostração
-Déficits visuais
-Convulsões
-Excitação
-Déficits posturais
-Dificuldade de aprendizado
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, exame físico e exames laboratoriais.
Exames que o médico veterinário pode solicitar:
-Eletroencefalografia
-Ultrassonografia transcraniana
-Ressonância magnética
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
O tratamento é apenas sintomático e o prognóstico é reservado. As crises epileptiformes podem ser tratadas com anticonvulsivantes.
Prevenção
Como tem caráter hereditário, é recomendável castrar ou retirar da reprodução animais que tenham crias portadoras da doença.
Referências Bibliográficas
ANDRADE NETO, J.P. Malformações. Em: Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos/ Márcia Marques Jericó, Márcia Mery Kogika, João Pedro de Andrade Neto. Ed. Roca, 1 ed., p. 6131-6133, Rio de Janeiro, 2015.
GRAÇA, R.; VIOTT, A.M.; GRAÇA, D.L.; ALESSI, A.C. Sistema nervoso. Em: Patologia Veterinária/ Renato de Lima Santos e Antônio Carlos Alessi. Ed. Guanabara Koogan, 2 ed., p. 805, Rio de Janeiro, 2016.
CANTILE, C.; YOUSSEF, S. Nervous System - Malformations of the Central Nervous System. In: Pathology of Domestic Animals/ Jubb, Kennedy and Palmer’s. Ed. Elsevier, 6 ed., v. 1, p. 268, 2016.