Tudo sobre: Miocardite
Introdução
Trata-se de uma doença inflamatória que geralmente resulta de infecções disseminadas, por via hematógena (sangue), ao miocárdio, ocorrendo em diversas doenças sistêmicas nas quais o acometimento de outros sistemas orgânicos pode ocultar o envolvimento cardíaco. Raramente o coração é a localização primária da infecção nos animais afetados.
A miocardite infecciosa pode ser de origem viral, bacteriana, protozoótica, fúngica (raramente) e nematóide. As causas não infecciosas incluem fármacos cardiotóxicos, reação de hipersensibilidade a fármacos, forma idiopática e traumática.
A miocardite viral é causada por vírus que apresentam um certo tropismo por células cardíacas, como o vírus da parvovirose, responsável pela morte súbita de filhotes entre quatro a oito semanas de idade quando acomete o coração, devido à miocardite necrotizante hiperaguda, associada ou não à insuficiência cardíaca congestiva aguda. O vírus da cinomose também pode acometer o miocárdio de filhotes, mas geralmente os sinais multissistêmicos predominam.
Casos de pericardite bacteriana, endocardite e infecções em outros locais do organismo podem ser responsáveis pela formação de abscessos no miocárdio e os principais agentes bacterianos identificados são as riquétsias (Rickettsia rickettsii, Ehrlichia canis, Bartonellla elizabethae, Borrelia burgdorferi, Staphylococcus sp.).
Os protozoários responsáveis pela toxoplasmose (Toxocara gondii) tripanossomíase/ doença de Chagas (Trypanosoma cruzi), neosporose (Neospora caninum), babesiose (Babesia canis), leishmaniose (Leishmania spp.) e hepatozoonose (Hepattozoon americanum) são responsáveis pela miocardite protozoótica, principalmente em animais imunocomprometidos.
Transmissão
A via de transmissão depende do agente etiológico da miocardite, podendo ser:
-Idiopática
-Transplacentária
-Transfusão sanguínea
-Fezes
-Picada de artrópodes
-Fômites
-Congênita
Manifestações clínicas
Assintomático
Sinais inespecíficos (isolados ou em conjunto):
-Apatia
-Arritmia
-Dispneia
-Letargia
-Perda de peso
-Pirexia
-Síncope
-Sopro
-Morte súbita
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, epidemiologia e exames laboratoriais.
Exames que o médico veterinário pode solicitar:
-Eletrocardiograma
-Ecocardiografia
-Radiografia
-Hemograma completo
-Imunohistoquímica
-Urinálise
-Creatinina quinase
-PCR (Babesia sp.)
-PCR (Cinomose)
-PCR (Leishmania chagasi)
-PCR parvovírus canino
-PCR (Toxoplasma gondii)
-Cultura para fungos
-Cultura com Antibiograma-Aeróbicos
-Cultura com Antibiograma-Anaeróbios
-Sorologia IgG - Ehrlichia
-Sorologia IgM- Ehrlichia
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do Médico Veterinário.
Tratamento
O tratamento nos animais com miocardite deve ser de suporte, com repouso absoluto, mesmo quando não se sabe o agente etiológico. Em casos de miocardite bacteriana e protozoótica, a terapia antimicrobiana e antiparasitária, respectivamente, pode ser empregada.
Medicamentos antiarrítmicos, terapia para controle dos sinais de insuficiência cardíaca congestiva e outras medidas de suporte são indicadas de acordo com a necessidade.
Prevenção
A prevenção da miocardite em animais está diretamente relacionada ao controle das doenças primárias que podem acometer o coração dos animais de estimação. É fundamental a realização de protocolos de vacinação de acordo com a indicação veterinária, o uso de coleiras contra carrapatos, pulgas e mosquitos, o combate aos mosquitos vetores de doenças e o controle e desinfecção ambiental regular.
Referências Bibliográficas
JERICÓ, M.M.; DE ANDRADE NETO, J.P.; KOGIKA, M. M.. Tratado de medicina interna de cães e gatos. 2015.
NELSON, R.W.; COUTO, C.G. Medicina interna de pequenos animais. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
ZACHARY, James F.; MCGAVIN, Donald; MCGAVIN, M. Donald. Bases da patologia em veterinária. 5 ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.