Tudo sobre: Mioclonia
Introdução
Mioclonia é o termo utilizado para contrações musculares muito fortes, involuntárias e rápidas, como se fosse um “tique”. Algumas pessoas chamam a mioclonia erroneamente de “Parkinson canino”, devido aos sinais semelhantes em cães. Normalmente é uma consequência ou manifestação clínica de doenças neurológicas, sendo extremamente comum em cães com cinomose. A contração pode ser de um músculo ou de grupos musculares e, quando muito intensa, gera redução drástica da qualidade de vida do paciente, com quadros muito dolorosos.
Embora a mioclonia esteja muito relacionada à infecção pelo vírus da cinomose e seus efeitos no sistema nervoso central, quadros não-infecciosos podem levar ao quadro, como a intoxicação por chumbo. A mioclonia também é um acontecimento presente em alguns tipos de convulsões. Animais de rua comumente são vítimas de maus-tratos pelos tiros de “chumbinho” e o projétil muitas vezes fica retido no organismo, promovendo uma reação inflamatória. No momento do ocorrido ou até anos depois, é possível que o animal não apresente sinais clínicos, mas há grande chance do projétil liberar o chumbo e intoxicar o paciente.
É preciso diferenciar as mioclonias de convulsões focais, pois muitas vezes essas alterações apresentam-se de forma semelhante e podem confundir o(a) tutor(a). Os(as) profissionais sempre recomendam que seja realizada filmagens dos movimentos involuntários para auxílio no diagnóstico. Diversas doenças neurológicas podem causar mioclonia, sejam doenças infecciosas, tóxicas, degenerativas e até tumores, sendo a epilepsia e a cinomose as principais.
A mioclonia em si não é uma doença passível de transmissão, pois trata-se de uma alteração neurológica em consequência de uma causa primária. Porém, doenças infecciosas que cursam com este sinal clínico podem ser transmitidas de diversas formas, como a cinomose, transmitida principalmente pelo contato direto ou indireto com secreções de animais doentes.
Transmissão
-Não se aplica
Manifestações clínicas
- Tremores musculares
- Contrações musculares involuntárias, em forma de “tique”
- Gemidos
- Anorexia
- Sialorreia
- Dor
- Dispneia
- Disfagia
- Tetania
Diagnóstico
Exame clínico associado ao histórico do(a) paciente e exames complementares:
- Hemograma completo
- Cinomose – Pesquisa Corpúsculo de Inclusão
- Cinomose – Pesquisa de Antígeno Viral
- Teste Rápido Cinomose Ac
- Cinomose (PCR)
- Urinálise
- Radiografia
- Tomografia computadorizada
- Ressonância magnética
- Análise de líquor
Observação: A realização e a definição da necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
As lesões nervosas que levam à mioclonia podem ser irreversíveis (cinomose, tumor) ou temporárias (como nas convulsões, intoxicação por chumbo) e devem ser tratadas de forma primária. Se a mioclonia permanecer como sequela, os tratamentos alternativos são os únicos capazes de reparar a lesão no sistema nervoso e reverter o problema, mesmo que parcialmente, sendo a fisioterapia fundamental na recuperação do paciente e as terapias regenerativas, como células tronco, possuem os melhores resultados, porém com custos de tratamento altos.
As convulsões devem ser tratadas de forma devida, com controle medicamentoso. Na intoxicação por chumbo, quando há evidência de sinais clínicos, recomenda-se a remoção do objeto/ projétil e tratamento clínico. Nas crises mais agudas e duradouras, o uso de medicações benzodiazepínicas se faz necessário.
A remoção de tumores do sistema nervoso central, embora não ocorra de forma rotineira na medicina veterinária, pode ser uma opção para as síndromes mioclônicas secundárias a essas neoplasias.
Prevenção
-Não se aplica
Referências Bibliográficas
Draehmpaehl, D. e Zohmann, A. Acupuntura no cão e no gato - Princípios básicos e prática científica. 1997. São Paulo: Roca. 245p.
Fernández, V.L e Bernardini, M. Neurologia de cães e gatos. 2010. São Paulo: Med Vet. 752p.
Gebara, C.M.S. et al. Lesões histológicas no sistema nervoso central de cães com encefalite e diagnóstico molecular da infecção pelo vírus da cinomose canina. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.56, n.2, p.168-174, 2004.