Tudo sobre: Necrose tubular aguda ou nefrose
Introdução
Eles são compostos por unidades estruturais, os néfrons; que por sua vez são compostos pelo glomérulo, cápsula de Bowman e pelos os túbulos renais - proximais e distais. Os túbulos são responsáveis pela reabsorção das substâncias filtradas pelos glomérulos e secretam os elementos plasmáticos no líquido tubular. Dessa forma, as células epiteliais tubulares ficam expostas a concentrações potencialmente tóxicas de todas as substâncias que passam pelo organismo, além dos danos provocados por isquemia originados de problemas circulatórios. Tais danos celulares caracterizam a necrose tubular aguda que pode evoluir para a Insuficiência Renal Aguda, que corresponde à incapacidade dos rins realizarem sua função adequadamente.
Após dano tóxico ou isquêmico, o cálcio, os radicais livres e outras substâncias promovem alterações morfológicas nos túbulos proximais. Essas alterações resultam em necrose e apoptose (morte celular programada). Ocorre descamação de células viáveis e não viáveis no lúmen tubular, resultando na formação de cilindros e obstrução tubular, o que contribui para a redução na taxa de filtração glomerular.
Se a membrana basal dos túbulos renais estiver intacta, fatores de crescimento estimulam a proliferação e diferenciação das células tubulares viáveis e o rim pode restaurar completamente sua estrutura e função. Esta característica permite que a lesão renal aguda em cães e gatos apresente um prognóstico bastante variável que depende do diagnóstico e tratamento precoce.
No entanto, é comum que o animal seja levado tardiamente para o atendimento clínico e quando o diagnóstico é estabelecido o paciente já apresenta insuficiência renal aguda, diminuindo as chances de sucesso de tratamento, aumentando as taxas de evolução para doença renal crônica e taxa de mortalidade.
Transmissão
-Não se aplica
Manifestações clínicas
Sinais inespecíficos (isolados ou em conjunto):
- Letargia
- Apatia
- Anorexia
- Êmese
- Halitose
- Diarreia
- Desidratação
- Dor
- Inapetência
- Poliúria*
- Oligúria*
- Anúria*
*Alterações na produção de urina variam de acordo com a lesão renal.
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, epidemiologia e exames laboratoriais.
Exames que o(a) médico(a) veterinário(a) pode solicitar:
- Hemograma Completo
- Urinálise simples
- Ureia
- Creatinina
- Fósforo
- Sódio
- Potássio
- Ultrassonografia abdominal
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
O objetivo do tratamento é eliminar as causas conhecidas da lesão renal e dar suporte ao organismo para a recuperação dos distúrbios eletrolíticos. O(a) médico(a) veterinário(a) poderá indicar a internação do(a) paciente para administração da fluidoterapia e a partir da avaliação cuidadosa do paciente e do quadro clínico, estabelecerá a medicação específica que pode incluir fontes de glicose, diuréticos, antieméticos, eletrólitos, vasodilatadores, protetores de mucosa gástrica e quantos mais forem necessários.
Nos casos graves em que há Insuficiência Renal Aguda, a hemodiálise ou a diálise peritoneal podem ser consideradas no tratamento de pacientes caso a produção urinária não se restabeleça com a medicação. O transplante renal (ainda não muito explorado em medicina veterinária) também pode ser indicado nos casos em que os danos renais são irreversíveis.
Prevenção
Sabendo que a necrose tubular aguda pode acontecer a partir de uma infinidade de causas, o(a) tutor(a) deve se apegar a medidas que diminuam os riscos de lesão renal. A princípio com o fornecimento de uma alimentação equilibrada, balanceada e de boa qualidade para que não haja excessos ou faltas para o animal.
Em segundo lugar, manter sempre as consultas veterinárias, vacinas e vermífugos em dia. O acompanhamento periódico com o(a) médico(a) veterinário(a) garante que seu animal esteja amparado e facilita o diagnóstico precoce caso aconteça algum distúrbio.
Jamais medicar o animal por conta própria, principalmente com medicamentos de uso humano, pois muitos são potencialmente tóxicos tanto para cães quanto para gatos. Evitar expor os animais a situações extremas (muito frio ou muito calor) ou a produtos químicos (limpeza, automotivos, venenos etc).
E por último, ao observar qualquer mudança de comportamento ou aparecimento de sinais clínicos, o(a) tutor(a) deve procurar atendimento médico o mais rápido possível. Tratando-se de função renal, quanto maior a demora no diagnóstico e intervenção, maiores as chances de danos graves ao organismo.
Referências Bibliográficas
BRAGHATO, N. et al. Lesão renal tubular aguda em cães e gatos: fisiopatogenia e diagnóstico ultrassonográfico. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.22; p. 2015
BRAGHATO, N. Fisiologia renal e insuficiência renal aguda em pequenos animais: causas e consequências. Seminário (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2013.
MOREIRA, S. A. Falência renal aguda em pequenos animais. TCC (Graduação) em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade “Júlio de Mesquita Filho”. Botucatu, 2010.
PALUMBO, M. I. P. et al. Manejo da insuficiência renal aguda em cães e gatos. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 14, n. 1, p. 73-76, jan./jun. 2011.