Tudo sobre: Nefrotoxicidade Induzida por Medicamentos
Introdução
Os rins são responsáveis pela filtração do sangue a fim de eliminar produtos tóxicos provenientes do metabolismo e de reter outras substâncias que serão aproveitadas, como água, glicose, proteínas e sais minerais. Além disso, produz hormônios que atuam na produção dos glóbulos vermelhos e na regulação da pressão arterial. Juntamente com o fígado, o rim atua na biotransformação de fármacos produzindo substâncias com graus de toxicidade variável. Algumas substâncias utilizadas em medicamentos podem levar a danos nos túbulos renais, resultando em necrose e reduzindo a capacidade funcional do órgão, podendo levar à insuficiência renal aguda. A nefrotoxicidade causada por medicamentos depende da dose e do tempo de utilização, do tipo de base medicamentosa e da espécie a qual se institui um tratamento.
Dentre os medicamentos que mais comumente causam nefrotoxicidade pode-se citar os analgésicos não esteroidais, alguns antibióticos como os aminoglicosídeos e sulfonamidas, antifúngicos e quimioterápicos usados em neoplasias.
A nefrotoxicidade independe da raça e também não há predisposição quanto ao sexo, porém animais mais velhos são mais suscetíveis. Gatos podem apresentar maior predisposição à nefrotoxicidade devido terem déficits em enzimas que conjugam substâncias para seres excretadas e necessitam de atenção redobrada quanto à administração de fármacos.
Transmissão
-Não se aplica
Manifestações clínicas
Assintomático
Sinais inespecíficos
- Náusea
- Anorexia
- Êmese
- Melena
- Pirexia
- Dor renal
- Azotemia
- Uremia
- Cilindrúria
- Proteinúria
- Poliúria
- Oligúria
- Anúria
- Polidipsia
- Acidose metabólica
- Hiperpotassemia
- Hiperfosfatemia
- Hipocalcemia com ou sem tetania
- Arritmias cardíacas
- Letargia
- Estupor
- Convulsão
- Coma
- Disfunções plaquetárias
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, exame físico, epidemiologia e exames laboratoriais.
Exames que o(a) médico(a) veterinário(a) pode solicitar:
- Urinálise
- Hemograma completo
- Ureia
- Creatinina
- Taxa de filtração glomerular
-Ultrassonografia abdominal
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do Médico Veterinário.
Tratamento
O tratamento é baseado no conhecimento e eliminação da causa tóxica e na terapia de suporte, principalmente a fluidoterapia, medida importante para o tratamento. Pode-se associar, em alguns casos, a administração de diuréticos para restabelecimento do fluxo urinário. Em casos de acidose grave pode ser necessária a reposição de bicarbonato associado à fluidoterapia. O equilíbrio de outros íons deve ser monitorado, sobretudo de potássio, cálcio, fósforo e magnésio.
O monitoramento constante da urina produzida, do débito cardíaco, da hidratação, além da identificação precoce de alterações neurológicas e distúrbios hemorrágicos são fundamentais para os sucesso do tratamento. Protetores gástricos podem ser utilizados visando proteger a mucosa gástrica. Mudança na dieta e administração de antieméticos também são frequentemente preconizados.
A diálise peritoneal e a hemodiálise são tratamentos implementados em casos nos quais o paciente não responde às terapias convencionais. Não é um tratamento curativo e visa, primordialmente, conservar as funções renais, eliminando excesso de água, toxinas e eletrólitos.
Prevenção
Como o prognóstico é reservado, a principal medida de prevenção é a utilização de medicamentos apenas com a orientação do(a) médico(a) veterinário(a). Embora muitos medicamentos de uso humano sejam amplamente empregados na medicina veterinária, há também outros que não devem ser utilizados sob hipótese alguma.
Outra medida importante é a identificação de animais mais suscetíveis à nefrotoxicidade como por exemplo animais mais velhos, aqueles com doenças que acometem os rins (como leishmaniose, erliquiose) e o fígado, além de doentes renais crônicos. Nesses animais a terapêutica muitas vezes deve ser ajustada e o monitoramento frequente é recomendado.
Referências Bibliográficas
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