Tudo sobre: Neuropatias Periféricas
Introdução
As Neuropatias Periféricas, também chamadas de Polineuropatias, são definidas como distúrbios dos nervos periféricos que ocorrem de forma disseminada e podem ser agudas, ou seja, de surgimento rápido e com evolução acelerada, ou crônicas, aquelas com desenvolvimento lento e gradativo. A neuropatia, ou doença dos nervos, pode ocorrer raramente por causa hereditária ou em decorrência de doenças concomitantes, como infecções, endocrinopatias (hipotireoidismo e diabetes mellitus), neoplasias, e associada a traumas, intoxicações, medicamentos e cirurgias.
A polirradiculoneurite idiopática aguda é a polineuropatia mais comum nos cães e gatos. As causas não são bem conhecidas, mas sabe-se que o processo de inflamação dos nervos espinhais nesse caso pode estar relacionado a um processo autoimune. A sintomatologia é principalmente a paralisia progressiva de forma flácida, ou seja, a musculatura parece amolecida, porém sem que seja perdida a sensibilidade dos membros. A paralisia pode se estender até a região da musculatura responsável pela respiração, causando uma dificuldade respiratória que pode ser fatal.
Também chamada de Paralisia do Coonhoud, ocorre principalmente na América do Norte e foi relatada inicialmente em cães de caça de áreas rurais. Apesar de não se conhecer o modo como ocorre o processo da doença, observou-se que cães que eram acometidos pela paralisia do coonhoud apresentavam o histórico em comum de contato com guaxinins, por isso o nome associado aos cães de caça especialmente desenvolvidos para rastrear guaxinins. Porém, é importante salientar que animais sem histórico de contato prévio com guaxinins também já desenvolveram a doença.
Transmissão
- Hereditária (no caso da polineuropatia hereditaria)
Manifestações clínicas
- Fraqueza
- Taquipneia
- Paralisia
- Paresia
- Letargia
- Gemidos
- Emagrecimento
- Ataxia
- Apatia
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, epidemiologia e exames laboratoriais.
Exames que o(a) médico(a) veterinário(a) pode solicitar:
- Hemograma completo
- Análise de Líquor
- Urinálise simples
- Radiografia
- Albumina
- Imunoglobulina A (IgA)
- Imunoglobulina G (IgG)
- Imunoglobulina M (IgM)
- Ureia
- AST – TGO
- ALT – TGP
- Fósforo
- Gama GT
- CPK (creatinofosfoquinase)
- Fosfatase Alcalina (F.A.)
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
O tratamento é realizado para o controle da inflamação. Nos casos mais graves, o animal pode desenvolver sérios problemas respiratórios, necessitando internação para que seja realizado o suporte necessário até que o organismo se recupere suficientemente para não oferecer risco de falha respiratória.
Na polirradiculoneurite idiopática aguda, além do tratamento da inflamação, também é indicado o uso de fisioterapia para o retorno dos movimentos e retorno do tônus muscular perdido no processo de paralisia.
Prevenção
As causas ainda não são estabelecidas, mas o contato com guaxinins ainda é considerado como fator predisponente ao desenvolvimento da doença, portanto evitar o contato dos cães com esses animais selvagens pode ser uma forma de prevenção da doença.
Doenças relacionadas à imunidade e endocrinopatias também podem estar associadas ao desenvolvimento dos quadros de neuropatias, portanto, o tratamento adequado das doenças primárias e acompanhamento da evolução dos casos pode evitar o desenvolvimento de problemas neurológicos secundários, ou auxiliar no diagnóstico precoce, que favorece o sucesso do tratamento.
Referências Bibliográficas
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