Tudo sobre: Nocardiose
Introdução
A Nocardiose é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Nocardia. Essas bactérias são encontradas em praticamente qualquer ambiente - água, solo, vegetais, matéria orgânica em decomposição, poeira. Pode infectar mamíferos, inclusive o homem, através de feridas abertas, contato direto, inalação de aerossóis ou ingestão acidental. Não é muito frequente na clínica de pequenos animais e caracteriza-se por formar lesões supurativas (com pus) ou granulomatosas na pele, pulmões e linfonodos regionais. Raramente pode acometer o sistema nervoso ou musculoesquelético.
Acomete cães e gatos, aparentemente machos tendem a ser mais suscetíveis do que fêmeas. É considerado um agente oportunista, pois afeta principalmente animais imunocomprometidos, devido a outras doenças associadas - como a cinomose em cães ou FIV em gatos, ou pelo uso contínuo e prolongado de glicocorticóides.
As espécies mais relevantes para cães e gatos são: N. asteroides, N. brasiliensis, N. otitidiscaviarum, N. transvalensis, N. nova, N. farcinica e N. africana.
Transmissão
- Aerossóis
- Contato direto
- Feridas
- Alimentos contaminados
- Água contaminada
Manifestações clínicas
Dependente da região acometida
- Piotórax
- Dispneia
- Emaciação
- Pirexia
- Feridas crônicas
- Linfadenopatia
- Letargia
- Emagrecimento
- Pneumonia
- Secreção nasal
- Estertores pulmonares
- Convulsão
- Gemido
- Hiper-reflexia
- Nistagmo
- Agressividade
- Espasticidade
- Ataxia
- Anorexia
- Desidratação
- Hiperqueratose
Diagnóstico
Associação entre história clínica, exames físicos e laboratoriais.
Exames que o Médico Veterinário pode pedir:
- Hemograma completo
- Análise de Líquidos cavitários
- Citopatologia
- Citologia linfonodo
- Gram - Citológico
- Gram - Histológico
- Histopatológico com Coloração de Rotina
- Histopatológico com coloração Especial
- Radiografia torácica
- Imunoglobulina A (IgA)
- Imunoglobulina G (IgG)
- Imunoglobulina M (IgM)
- Cultura com Antibiograma Combinado (Anaeróbios + Aeróbios)
- PCR
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do Médico Veterinário.
Tratamento
O protocolo terapêutico pode variar de acordo com os sistemas acometidos. Geralmente envolvem a administração prolongada de antimicrobianos sistêmicos. Nos casos de manifestação dermatológica, a drenagem de abscessos purulentos e limpezas de fístulas podem ser necessárias. As doenças concomitantes devem ser diagnosticadas e tratadas simultaneamente.
É de extrema importância que o tutor não interrompa o tratamento sem a indicação do clínico, mesmo que os sintomas tenham desaparecido. A desistência da terapia favorece o aparecimento de recidivas.
Prevenção
Não há nenhuma medida preventiva direta para esta enfermidade. No entanto, é responsabilidade do(a) tutor(a) estar consciente dos cuidados básicos para o bem-estar e saúde de seus animais.
O acompanhamento periódico com o(a) médico(a) veterinário(a) garante que seu animal esteja amparado e facilita o diagnóstico precoce caso haja alguma enfermidade. O(a) responsável deve estar atento a quaisquer mudanças comportamentais e físicas de seus animais e levá-los para check up semestral ou anual de acordo com a orientação veterinária.
O diagnóstico precoce é de suma importância para o sucesso do tratamento. A detecção da doença já nos primeiros sinais possibilita a melhor efetividade das terapias, aumentando as taxas de sobrevida e diminuindo as alterações orgânicas advindas da doença.
Referências Bibliográficas
FRADE, M. T. S. et al. Características epidemiológicas, clínico-patológicas e morfotintoriais de quatorze casos de nocardiose em cães. Revista Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 38, n. 1, 2018.
JERICÓ, M. M. Tratado de medicina interna de cães e gatos / Márcia Marques Jericó, Márcia Mery Kogika, João Pedro de Andrade Neto. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Roca, 2015.
ZIA, Khurram et al. Ten Year Review of Pulmonary Nocardiosis: A Series of 55 Cases. Cureus, v. 15, n 1, 2019.