Tudo sobre: Parotidite
Introdução
As glândulas parótidas são glândulas salivares que situam próximas do conduto auditivo, ao final do ramo da mandíbula, uma de cada lado. A inflamação desta glândula gera aumento de volume e o paciente aparenta estar “bochechudo”, um aspecto que se assemelha com a caxumba em humanos, por isso ocorre certa confusão com a doença. O aumento de volume da glândula pode ser uni ou bilateral, dependendo da causa primária. Diversas causas podem levar à parotidite, mas é importante salientar que a transmissão do vírus causador da caxumba em pessoas para cães e gatos é um evento extremamente raro, por isso é um equívoco considerar que cães e gatos são portadores da caxumba. Também conhecida popularmente como “papeira”, a inflamação da glândula parótida causa dor e problemas na mastigação.
Em cães, o principal microrganismo causador do problema é o vírus da cinomose, um Paramyxovírus. Nos gatos, o Mycoplasma, uma bactéria, é o agente infeccioso mais comum associado à parotidite. Também nos felinos, devido ao comportamento da espécie e o costume errôneo de deixar que os animais tenham acesso livre à rua, é comum a inflamação e infecção de glândulas salivares no geral devido às brigas, pois há penetração de microrganismos por arranhadura ou mordedura no local.
É preciso atenção ao quadro, pois tumores também podem levar ao aumento de volume na região e gerar confusão. Outra condição comum que afeta essas glândulas é a mucocele salivar, que consiste na obstrução dos ductos de saída da secreção, gerando acúmulo de saliva e inchaço, podendo evoluir para ruptura destes canais e extravasamento de saliva para o tecido subcutâneo.
As infecções virais que acometem a glândula parótida são as principais causas da afecção e ocorrem de forma mais prevalente nos cães e ocasionalmente nos gatos. Normalmente, o prognóstico é favorável, a não ser nos casos em que o animal desenvolve os sinais clínicos da cinomose, que é uma doença de maior gravidade.
Transmissão
- Aerossois
- Fômites
- Contato direto
- Mordedura/ lambedura/ arranhadura
- Penetração ativa
- Picada de artrópodes
Manifestações clínicas
- Edema
- Inchaço abaixo da orelha, uni ou bilateral
- Anorexia
- Apatia
- Disfagia
- Dor
- Pirexia
Diagnóstico
- Exame físico associado ao histórico do paciente
- Hemograma
- Punção e análise do conteúdo
- Citologia
- Cultura com Antibiograma Combinado (Anaerobios + Aerobios)
- Cinomose – Pesquisa de Antígeno Viral
- Pesquisa de Mycoplasma haemofelis (Antiga Haemobartonella)
- PCR para Cinomose
- PCR para Mycoplasma haemofelis
- Teste Rápido Cinomose Ac
Observação: A realização e a definição da necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
O tratamento do processo inflamatório segue um protocolo básico, independente da causa, com utilização de anti-inflamatórios de acordo com a escolha do(a) profissional. A necessidade de antibióticos também deve ser analisada pelo(a) médico(a) veterinário(a) de acordo com o resultado dos exames realizados. Deve ser associado um analgésico de acordo com o nível de dor apresentado e um suporte nutricional e hídrico caso o paciente não esteja ingerindo alimentos e água devidamente, podendo ser necessária hospitalização.
Felinos com micoplasmose devem receber tratamento para tal, por um período que varia de 21 a 28 dias consecutivos.
A mucocele salivar é tratada cirurgicamente, com remoção da glândula afetada. Em alguns casos, a drenagem da saliva extravasada e utilização de antibioticoterapia associada a um corticoide pode resolver o problema sem necessidade de intervenção cirúrgica, embora a tendência é que ocorra recidivas ao longo do tempo. Outra causa base que é tratada cirurgicamente é a neoplásica, em que recomenda-se remoção do tumor com margem cirúrgica.
As infecções virais são tratadas de forma diferenciada, pois as medicações para combater diretamente os vírus são extremamente limitadas em relação à disponibilidade e eficácia. Trata-se os problemas secundários decorrentes da doença e o objetivo principal é, além de aliviar os sintomas, fortalecer o sistema imunológico do(a) paciente para que seja capaz de debelar a infecção. No caso da cinomose, este tratamento é ainda mais complexo pela gravidade da doença, que acomete sistemas diversos e leva à pneumonia, convulsões, gastroenterite e problemas oftálmicos.
Prevenção
Algumas infecções virais podem ser evitadas pela vacinação, principalmente pelas vacinas múltiplas (V8 ou V10 para cães e V4 ou V5 para gatos), sendo necessária a consulta com um(a) médico(a) veterinário(a).
Manter os pacientes em ambientes higienizados, arejados e sem aglomeração de animais é fundamental para impedir a transmissão disseminada de patógenos, como vírus e bactérias, que podem acometer a glândula parótida.
A mucocele salivar é uma doença de difícil prevenção, bem como os tumores, devendo os(as) responsáveis estarem atentos aos inchaços na face a fim de resolver precocemente estes problemas e evitar agravamento do quadro.
O controle de ectoparasitas impede a transmissão de diversos microrganismos potencialmente causadores da parotidite, como é o caso do Mycoplasma. Além do manejo sanitário do ambiente, é preciso utilizar produtos específicos e eficazes, de acordo com a idade, espécie e peso do animal, para controlar a população de pulgas e carrapatos de forma definitiva.
O contato com animais doentes deve ser evitado e, ainda que sejam contactantes, devem ser separados devido à chance de contágio pelo contato próximo.
Manter a saúde do animal em dia, com vacinação atualizada, alimentação de qualidade e sanidade ambiental são as principais maneiras de prevenir as diferentes formas de adquirir a parotidite.
Referências Bibliográficas
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PEREIRA, R.D.O. e MALM, C. Aspectos clínicos e cirúrgicos das mucoceles salivares em cães. Clínica Veterinária, v.1, n.94, p.72-76, 2011.
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