Tudo sobre: Peito Escavado
Introdução
Peito escavado é uma anormalidade congênita em que há uma deformação no formato do tórax, com o achatamento ventro-dorsal (de baixo para cima) e aumento da largura da caixa torácica com possível lateralização dos membros torácicos, causada pela depressão da cartilagem do esterno. Também chamada de “Pectus Excavatum” ou “Peito de Funil” não é uma alteração frequente em pequenos animais. Essa anomalia não tem sua origem bem elucidada. No entanto, sabe-se que há um crescimento defeituoso do esterno e suas cartilagens.
Algumas hipóteses sugerem uma relação genética e hereditária, outras relacionam a diminuição do tendão diafragmático, disfunções na pressão intrauterina e anomalias na musculatura da porção cranial (anterior) do diafragma. Há ainda a associação dessa anomalia com problemas respiratórios e cardiovasculares como: desvio do coração e hipoplasia traqueal.
Animais de raças braquicefálicas (com o focinho achatado) parecem ter maior predisposição para o surgimento desta deformação. É possível observar a malformação com o animal ainda filhote com poucos dias de vida, por meio da palpação. Geralmente os animais com peito escavado são assintomáticos. Naqueles em que há manifestação clínica, esta pode se apresentar com graus variados.
Transmissão
- Congênita
Manifestações clínicas
Sinais inespecíficos (isolados ou em conjunto):
- Dispneia
- Cianose
- Achatamento do tórax
- Apatia
- Hiporexia
- Hipotermia
- Dificuldade em se manter em estação
- Desenvolvimento corporal retardado
- Aerofagia
- Taquipneia
- Intolerância ao exercício
- Êmese
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, epidemiologia e exames complementares.
Exames que o médico veterinário pode solicitar:
- Radiografia torácica
- Tomografia computadorizada
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
A escolha do tratamento dependerá do estado clínico do paciente, outras afecções coexistentes e o custo-benefício de acordo com a expectativa do(a) tutor(a) e o prognóstico da doença. Há possibilidade de tratamento não invasivo, com o uso de talas externas compressivas, massagens compressivas regulares e sistemáticas com o objetivo de recuperar a posição anatômica do esterno. A oxigenoterapia pode ser usada em animais com dificuldade respiratória. Este tratamento é mais eficiente nos animais mais novos, pela flexibilidade das cartilagens costais e do esterno.
Em animais mais velhos ou pacientes com afecções cardiopulmonares adjacentes um procedimento cirúrgico pode ser uma alternativa terapêutica. Nestes casos, a recuperação do paciente é mais lenta e nem sempre satisfatória. Independentemente da escolha do tratamento, após a sua instauração, o(a) tutor(a) deve seguir criteriosamente as recomendações do(a) médico(a) veterinário(a) responsável, para maiores chances de restabelecimento do(a) paciente.
Prevenção
Não há uma prevenção específica, principalmente por se tratar de uma doença potencialmente hereditária. No entanto, recomenda-se ao(à) tutor(a) que ao adquirir um animal de raça sempre procure criadores idôneos e canis registrados, onde seja possível conhecer a linhagem genética do filhote. O controle sobre doenças genéticas e hereditárias dos reprodutores do plantel e um cuidadoso pré-natal das matrizes pode diminuir as chances de ninhadas com alguma doença prévia. Quando um animal é diagnosticado com qualquer síndrome ou doença de origem genética, este não deve ser usado para reprodução, sendo a castração eletiva a melhor opção.
Tutores de animais braquicefálicos devem sempre buscar informações e estar cientes que seus animais são naturalmente predispostos a determinadas enfermidades. Tendo em vista isso, todo o manejo desses animais deve ser adaptado para suas necessidades fisiológicas e orientado por um(a) médico(a) veterinário(a) e o criador expert na raça.
O acompanhamento periódico com o(a) médico(a) veterinário(a) garante que seu animal esteja amparado e facilita o diagnóstico precoce caso haja alguma enfermidade. Ao observar qualquer mudança de comportamento ou aparecimento de sinais clínicos, o(a) tutor(a) deve procurar atendimento médico o mais rápido possível.
Referências Bibliográficas
BOTELHO, R. P. et al. Peito escavado (Pectus Excavatum). Rev. bras. ciênc. vet., v.4, n. 2, 79-80, mai/ago, 1997.
MOURA, C. N. O.; DIPP, G. Tratamento não invasivo de Pectus Excavatum em Buldogue Inglês: Relato de caso. PUBVET v.12, n.4, a64, p.1-6, Abr., 2018