Tudo sobre: Sarna Otodécica
Introdução
A sarna otodécica, também conhecida como otocaríase, tem ocorrência mais frequente em felinos, sendo responsável por aproximadamente 50% da rotina de otite externa dessa espécie, mas pode ainda acometer cães e raramente humanos.
Ocasionada pelo ácaro Otodectes cynotis, um parasita que naturalmente habita os condutos auditivos e a superfície da pele, possui coloração branca, apresenta-se muito ativo (a mobilidade é responsável por gerar o principal sinal clínico da doença, o prurido intenso) e se alimenta de células epiteliais, linfa e sangue.
Algumas literaturas citam que filhotes possuem maior predisposição por estarem constantemente próximos a mãe (que pode portar o ácaro), bem como maiores chances de ocorrências nos animais que vivem em alta densidade populacional (maior imunossupressão e chance de contágio).
Para diagnosticar a ocorrência do parasito, pode-se fazer uso da otoscopia, que pode permitir a visualização do parasita, avaliar o grau de inflamação no interior do condutos auditivos, a coloração e a quantia do exsudato.Também pode-se realizar a citologia na qual, ocasionalmente, é possível visualizar os parasitas a olho nu (aparentando pequenas figuras brancas que se locomovem no exsudato) ou ainda mediante avaliação em microscópio, onde é possível visualizar tanto os parasitas quando a possibilidade de infecção bacteriana secundária.
Transmissão
-Contato direto
-Contato indireto
-Fômites
Manifestações clínicas
Assintomático (essa apresentação se limita somente aos felinos, que diferentemente de outras espécies, toleram melhor a infestação, sendo mais difícil apresentarem os sinais iniciais da doença)
Sinais clínicos (apresentação isolada ou em conjunto):
- Irritação
- Pápulas
- Eritema
- Prurido intenso
- Automutilação (decorrente do prurido)
- Crostas marrom avermelhadas
- Exsudato castanho enegrecido de odor semelhante a tabaco
- Meneios cefálicos
- Hiperplasia do conduto auditivo
- Dermatite miliar em dorso ou cauda (não é frequente o acometimento de regiões distantes das orelhas, mas como o felino possui o hábito de assumir posição enrolada, podem encostar o ouvido em outras regiões e transmitir o ácaro)
- Alopecia ou hipotricose ao redor da orelha
- Reflexo otopodal
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, epidemiologia e exames complementares.
- Otoscopia
- Citologia otológica
Tratamento
Os objetivos do tratamento são controlar ou remover a causa (ácaro), reduzir a inflamação, solucionar as infecções bacterianas (quando presentes) e manter os condutos limpos. Tratar o indivíduo é vital, mas é importante ressaltar a necessidade de cuidado com o ambiente, mediante limpeza do local onde o animal vive com substâncias parasiticidas, isolar o animal contaminado durante todo o período de tratamento para que não seja capaz de transmitir a outros animais, e limpeza dos objetos que tiveram contato direto com o doente mediante produtos desinfetantes potentes.
Não existe terapêutica ideal, cada Médico(a) Veterinário (a) tem um protocolo de tratamento, o consentimento é de que, se houver infecção bacteriana secundária, esta deve ser tratada com antibióticos, osejam eles tópicos ou orais. A base fundamenta-se no uso de acaricidas, os quais podem ser administrados via pour on, sistêmicos (injetáveis ou orais) ou ainda, tópicos (sempre associados ao uso prévio de ceruminolíticos visando completa absorção e eficácia do produto utilizado), o tempo de duração do tratamento vai variar de acordo com o protocolo selecionado.
Prevenção
Evitar aglomeração de animais, estar sempre atento a saúde otológica dos mesmos e evitar o compartilhamento de objetos.
Referências Bibliográficas
RHODES, Karen Helton; WERNER , Alexander H. Dermatologia em pequenos animais. 2. ed. atual. Santos – São Paulo: Roca, 2014. v. único.
REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA VETERINÁRIA: Frequência, diagnóstico e sinais clínicos da otocaríase em gatos. [S. l.: s. n.], 2013-2013. Mensal.
MAZZOTTI, Giovana Adorni; ROZA, Marcello Rodrigues. Medicina felina essencial: Guia prático. 1. ed. Curitiba: Equalis, 2016.
INCIDÊNCIA da sarna otodécica em gatos assintomáticos. Iniciação científica Cesumar, [S. l.], v. 12, n. 2, p. 161 - 165, 20 dez. 2010.
DIENSTMANN, Sabrina. Revisão sobre otite externa parasitária por otodectes cynotis em cães e gatos, com enfoque no potencial terapêutico da selamectina. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, p. ., 26 jan. 2010.