Tudo sobre: Surdez condutiva adquirida
Introdução
Assim como os humanos, os animais de companhia também podem apresentar surdez e perdas de audição. A surdez pode ser unilateral ou bilateral, e a perda auditiva ser parcial (hipoacusia) ou total (anacusia). A origem da perda de audição pode ser central, por lesão das vias e do centro auditivo, por lesão coclear e ou do nervo auditivo, sendo denominada surdez de percepção ou sensorial, ou pode ter origem em lesões nos condutos auditivos (surdez condutiva), responsáveis por levar os estímulos de som à região coclear. Algumas perdas de audição têm origem congênita, porém a surdez pode ser adquirida seja por lesão central ou por lesões nos condutos auditivos e membrana timpânica.
A surdez condutiva adquirida pode ser causada por otites, tampões ceruminosos, por neoplasias nos tímpanos e orelha externa e média, por estenose do conduto secundária a lesões ou por traumas na região que promovam obstrução da passagem do som.
Como possui origem variada, a surdez condutiva adquirida pode afetar cães, gatos, roedores, coelhos e outras espécies de animais em qualquer idade, de quaisquer raças e gênero.
Quando a surdez adquirida é unilateral, muitas vezes não se observam alterações comportamentais no animal que levem ao diagnóstico. Na surdez condutiva bilateral, o animal não responde a estímulos como comandos ou chamados, muitas vezes parecendo estar alheio ao ambiente e se assusta quando tocado.
Transmissão
-Não se aplica
Manifestações clínicas
Assintomático
Sinais inespecíficos (isolados ou em conjunto):
-Não responde a chamados
-Dorme profundamente e assusta quando tocado
-Falta de interação
-Não são capazes de localizar a origem de sons
-Secreções auriculares
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, exame físico, otológico, epidemiologia e exames laboratoriais.
Exames que o médico veterinário pode solicitar:
-Radiografia de crânio
-Citologia para identificação de otites
-Audiometria de resposta evocada
-Tomografia computadorizada
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
O tratamento é baseado na causa primária. Em casos de otites, soluções otológicas ceruminolíticas, antifúngicas e antibacterianas podem ser administradas de acordo com recomendações do médico veterinário. Em caso da identificação de neoplasias e pólipos, é recomendado tratamento cirúrgico. Há pesquisas que demonstram também a eficiência de tratamentos com células tronco.
Prevenção
A identificação precoce de doenças do conduto auditivo e posterior tratamento das mesmas é a melhor prevenção. Tocar o animal pode se tornar difícil, pois ele pode assustar, então o ideal é fazê-lo ao alcance da visão. O tutor pode substituir comandos orais por gestos, facilitando a comunicação, adestradores podem ajudar no condicionamento desses animais.
Referências Bibliográficas
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