Tudo sobre: Tétano
Introdução
O tétano é causado por uma bactéria anaeróbica chamada Clostridium tetani, encontrada na forma esporulada nas fezes dos animais e no ambiente. É uma doença tóxico-infecciosa que acomete animais domésticos e o homem, considerada de extrema gravidade e, na maioria das vezes, evolui para óbito.
As bactérias produzem uma neurotoxina, a tetanospasmina, que ascende pelos nervos periféricos até a medula espinhal onde bloqueia a liberação de neurotransmissores inibitórios, levando a contrações musculares intensas. Na maioria das vezes, a infecção ocorre por alguma lesão perfurante (cortes por pregos, galhos, espinhos de plantas), mas também pode ocorrer pela entrada no trato genital durante o parto, doenças dentárias, em infecção do cordão umbilical, cirurgias sem assepsia e aplicação de medicamentos ou vacina.
Os cavalos tendem a ser mais suscetíveis à infecção pelo C. tetani, mas cães e gatos apesar de serem as espécies mais resistentes também podem apresentar a doença.
O início dos sinais clínicos pode ocorrer de cinco a 18 dias após a infecção, dependendo diretamente da imunidade do hospedeiro e as condições que a bactéria encontra para se multiplicar. Os cães podem apresentar duas formas de manifestação clínica: a doença progressiva localizada, com hiperextensão de um dos membros, ou a forma generalizada, com paralisia rígida, ataxia e até convulsões.
Animais de todas as faixas etárias e sexo podem ser acometidos, porém os animais jovens são os mais suscetíveis e desenvolvem os sinais mais severos. A morte ocorre pelo esgotamento, paralisia dos órgãos e pneumonia.
Transmissão
- Fezes contaminadas (C. tetani esporulado)
- Meio ambiente contaminado (C. tetani esporulado)
Manifestações clínicas
- Rigidez muscular
- Instabilidade
- Ataxia
- Edema de face
- Riso sardônico - contração dos músculos faciais
- Dificuldade em se manter em pé
- Prostração
- Decúbito
- Orelhas erectas
- Miose
- Enoftalmia
- Prolapso de terceira pálpebra
- Hiperextensão dos membros
- Arqueamento da cauda
- Opistótono
- Convulsões
- Vocalização
- Postura em cavalete
- Trismo mandibular
- Sialorreia
- Dispneia
- Dificuldade em deglutir, defecar e urinar
*Quando o paciente apresenta tal sintomatologia deve-se considerar o tétano como um diagnóstico diferencial.
Diagnóstico
O diagnóstico é baseado no histórico do animal, que está associado a lesões recentes ou procedimentos cirúrgicos realizados de maneira imprópria, e nos sinais clínicos característicos da doença.
- Hemograma completo
- Ureia
- Creatinina
- Creatinofosfoquinase (CPK)
- Amostra dos tecidos necrosados (caso presentes)
- Exame citológico
*Não existem exames complementares que garantam a identificação da infecção pelo Clostridium tetani, além disso, é extremamente difícil a obtenção de material suficiente da ferida para isolamento do patógeno.
*Os exames laboratoriais são realizados para avaliar a condição clínica do paciente e não para diagnosticar diretamente o C. tetani ou a tetanospasmina.
Tratamento
O tratamento consiste na internação do paciente em local silencioso e escuro para diminuir o estímulo sensorial, fluidoterapia, antibiótico específico injetável, sondagem nasogástrica ou esofágica para realização da alimentação, sondagem uretral para esvaziamento da bexiga, administração da antitoxina tetânica, anticonvulsivantes, relaxantes musculares, tranquilizantes e oxigenioterapia.
Nos casos em que o ferimento está presente, deve ser feito debridamento da ferida de forma asséptica.
Geralmente, animais que se recuperam do tétano não se tornam imunes, isso porque a quantidade necessária de toxina para induzir a doença clínica muitas vezes é inferior à necessária para que ocorra o desenvolvimento de anticorpos pelo organismo.
O prognóstico está diretamente relacionado com a velocidade do tratamento, ou seja, quanto mais precocemente forem o diagnóstico e os cuidados intensivos, maior a taxa de sobrevida.
Prevenção
Não existem vacinas para cães e gatos que previnam o desenvolvimento do tétano, porém, recomenda-se a limpeza adequada de feridas, evitando contaminações,além da retirada diária de fezes e higienização periódica do ambiente em que os animais vivem.
Referências Bibliográficas
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