Tudo sobre: Tuberculose Canina
Introdução
A tuberculose é uma doença infecciosa grave que geralmente acomete os pulmões e é causada por uma bactéria do gênero Mycobacterium. Em humanos, encontra-se mais comumente o Mycobacterium tuberculosis e em cães o M. bovis, também comum nos bovinos.
Embora seja considerada rara nos cães, a doença é grave e também uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida para as pessoas. A forma mais comum de contágio em cães é através da ingestão de leite de vacas positivas, mas o contato muito próximo com pessoas doentes também é fonte de infecção, ou seja, cães também podem ser infectados por M. tuberculosis. Lembrando que esse contato próximo também pode fazer o caminho inverso: um cão contaminado pode transmitir a bactéria para as pessoas.
Trata-se de uma doença grave e com elevada morbidade em todos os indivíduos acometidos: cães, bovinos, humanos, aves e até répteis. A tuberculose pode ocorrer de formas variadas: formas ganglionares (nos gânglios/ linfonodos), pulmonares e a miliar, que comprometem não apenas os pulmões, mas muitos órgãos como rins, cérebro e ossos. Isso ocorre porque o microrganismo possui disseminação pela corrente sanguínea e pelo sistema linfático, podendo atingir qualquer órgão e/ ou sistema.
Mesmo sendo incomum, trata-se de uma doença que não deve ser negligenciada devido ao seu potencial zoonótico. Animais infectados são uma questão de saúde pública e toda notificação deve ser criteriosamente avaliada pelos órgãos competentes.
Transmissão
- Aerossóis
- Contato direto
- Alimento contaminado (leite)
- Leite materno
Manifestações clínicas
- Tosse
- Anorexia
- Emagrecimento
- Epistaxe
- Caquexia
- Apatia
- Cianose
- Corrimento nasal
- Desidratação
- Dispneia
- Espirro
- Fraqueza
- Pirexia
Diagnóstico
- Exame clínico e histórico do paciente, avaliando principalmente os fatores de risco
- Radiografia torácica
- Tomografia computadorizada
- Hemograma completo
- Citologia de linfonodo
- Citologia pulmonar
- Lavado traqueal e broncoalveolar
- Cultura com Antibiograma Combinado (Anaeróbios + Aeróbios)
- Gram – Microscopia direta
- Biópsia de linfonodos
- Pesquisa por Bacilos Álcool Ácido Resistentes (BAAR)
- Histopatologia
- Post mortem (necrópsia)
Observação: A realização e a definição da necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
O tratamento da tuberculose canina é longo e difícil, exigindo isolamento do animal até resultados diagnósticos negativos sucessivos, pois mesmo após melhora clínica (o que é muito difícil e demorado), os cães portadores continuam a transmitir a doença. A hospitalização é necessária, porém apenas estabelecimentos com estrutura de isolamento complexa podem realizá-lo. O tratamento doméstico é totalmente contraindicado pelas vigilâncias em saúde.
Ainda existe uma forte recomendação de eutanásia nos cães doentes, por diversos motivos: difícil tratamento, necessidade absoluta de isolamento, potencial de transmissão para seres humanos e risco de gerar resistência aos fármacos também usados para o tratamento da tuberculose humana. Em bovinos, o abate já é preconizado após diagnóstico, com total condenação da carcaça do animal (não pode mais ser utilizado para consumo humano) e diversos critérios para o descarte apropriado. A eficácia do tratamento também é extremamente questionada e os pacientes costumam passar por intenso sofrimento neste processo, perdendo quase totalmente sua qualidade de vida. Em determinado momento, a doença se torna incompatível com a vida e muitas vezes a eutanásia é o procedimento indicado pelo(a) médico(a) veterinário(a), normalmente após evolução para angústia respiratória aguda.
Por se tratar de algo tão grave e com repercussão tão negativa, o diagnóstico deve ser muito criterioso e o acompanhamento de um(a) profissional extremamente capacitado(a) é essencial.
Alguns fármacos antimicrobianos já foram testados no tratamento da tuberculose canina, mas não existem relatos que comprovem qualquer eficiência desses protocolos.
Prevenção
É preciso impedir o livre acesso de cães às áreas rurais e contato demasiadamente próximo com bovinos, impedindo principalmente a ingestão do leite destes animais.
O controle, obviamente, também passa pela prevenção da tuberculose bovina, que ainda é uma doença comum e grande problema de saúde pública, sendo um desafio para os serviços de inspeção de produtos de origem animal (em especial nos países tropicais, como o Brasil). Por isso, é necessário consumir e fornecer aos cães apenas produtos de origem animal com procedência certificada.
Cães com histórico de convívio com bovinos em áreas rurais e que apresentem qualquer dos sintomas devem ser avaliados imediatamente por profissionais e separados de outros animais e das pessoas em geral, ficando em isolamento.
Caso uma pessoa seja confirmada com a doença, é preciso evitar o contágio, restringindo totalmente o contato da mesma com os cães.
Referências Bibliográficas
ERWIN, P.C. et al. Mycobacterium tuberculosis - Transmission from Human to Canine. Emerging Infectious Diseases. v.10, n.12, p.2258-2260, 2004
LIU, S.; WEITZMAN, I. e JOHNSON, G.G. Canine Tuberculosis. Journal of the American Veterinary Medical Association. V.177, n.2, p.164-167, 1980.
SILVA, M.C.; MOURA, M.S e REIS, D.O. Tuberculose – Revisão de literatura. Pubvet. v.5, n.17, ed.164, art.1106, 2011.