Tudo sobre: Cardiopatia congênita
Introdução
A cardiopatia congênita diz respeito a qualquer anomalia estrutural ou funcional do coração que surge durante a sua formação na gestação. Essa doença do coração ocorre devido a uma falha no desenvolvimento embrionário, mas não apresenta uma causa esclarecida. Imagina-se que seja a combinação de fatores genéticos e ambientais que promovem uma ou mais malformações no órgão.
As alterações mais comuns envolvem as válvulas cardíacas, os vasos cardíacos, a parede do coração ou a formação de um único ventrículo. Tais malformações prejudicam todo o sistema cardiovascular, pois podem dificultar a passagem do fluxo sanguíneo e promover comunicações não anatômicas, misturando sangue oxigenado ao sangue não oxigenado, o que prejudica a oxigenação adequada dos tecidos do organismo.
Dentre as anomalias cardiovasculares congênitas encontram-se: persistência do ducto arterioso, estenose subaórtica, estenose pulmonar, persistência do arco aórtico direito (anomalia do anel vascular), defeitos do septo ventricular, displasia da valva atrioventricular e Tetralogia de Fallot.
Em cães, as malformações congênitas mais comuns são persistência do ducto arterioso e estenose subaórtica e em gatos, displasias atrioventriculares e defeitos dos septos ventriculares ou atriais.
Alguns relatos indicam que animais da raça Poodle - principalmente a variação miniatura - são frequentemente diagnosticados com cardiopatias congênitas, podendo ser elas: persistência do ducto arterioso, Tetralogia de Fallot, estenoses aórtica e pulmonar, defeitos de septo interventricular e mais raramente displasia da tricúspide. Animais de outras raças de porte pequeno e médio também são mais acometidas por doenças cardíacas congênitas.
Dependendo do tipo e quantidade de malformações cardíacas o prognóstico é variável. O animal pode ter vida normal até a fase adulta ou ainda passar a vida toda assintomático. No entanto, em alterações mais graves o prognóstico é ruim e o animal pode vir a óbito antes de primeiro ano de vida.
Transmissão
-Congênita
Manifestações clínicas
Assintomáticos
Sinais inespecíficos (isolados ou em conjunto):
- Dispneia
- Intolerância Ao Exercício
- Fraqueza
- Desmaio
- Desenvolvimento Corporal Retardado
- Arritmia
- Letargia
- Tosse
- Sopro Cardíaco
- Cianose
- Taquipneia
Diagnóstico
Associação de sinais clínicos, epidemiologia e exames laboratoriais.
Exames que o(a) médico(a) veterinário(a) pode solicitar:
- Radiografia torácica
- Eletrocardiografia
- Ecocardiografia
- Angiocardiografia
- Hemograma Completo
- Urinálise Simples
- Ureia
- Creatinina
- ALT- TGP
- Fosfatase Alcalina (F.A)
- Proteína Total
- Albumina
- Bilirrubina Total
- Sódio
- Potássio
- Cloro
Observação: A realização e a definição de necessidade de exames complementares são decisões do(a) Médico(a) Veterinário(a).
Tratamento
O estabelecimento do tratamento dependerá do diagnóstico de qual tipo de anormalidade congênita o animal é acometido, seu estado geral e a gravidade dos sinais clínicos. O objetivo é evitar ou reduzir os sinais de insuficiência cardíaca congestiva. Em alguns casos, a intervenção cirúrgica será necessária, em outros o uso betabloqueadores, digitálicos, diuréticos, antiarrítmicos, vasodilatadores e/ ou cardiotônicos pode ser indicado.
Prevenção
Não há uma prevenção específica, principalmente por se tratar de uma doença potencialmente hereditária. No entanto, recomenda-se ao(à) tutor(a) que ao adquirir um animal de raça sempre procure criadores idôneos e canis registrados, onde seja possível conhecer a linhagem genética do filhote. O controle sobre doenças genéticas e hereditárias dos reprodutores do plantel e um cuidadoso pré-natal das matrizes pode diminuir as chances de adotar/ comprar um filhote com alguma doença prévia. E uma vez que o animal é diagnosticado com qualquer síndrome ou doença de origem genética, não deve ser usado para reprodução, por isso recomenda-se a castração eletiva.
Tutores de animais de pequeno porte devem sempre buscar informações e estar conscientes que seus animais são naturalmente predispostos a inúmeras afecções congênitas e/ ou hereditárias. Tendo em vista isso, todo o manejo desses animais deve ser adaptado para suas necessidades fisiológicas, que deverá ser orientado pelo(a) médico(a) veterinário(a).
Além disso, é de responsabilidade do(a) tutor(a) estar consciente dos cuidados básicos para o bem-estar e saúde de seus animais oferecendo uma alimentação equilibrada, balanceada e de boa qualidade para que não haja excessos ou faltas para o anima, incentivá-lo a tomar água frequentemente, colocando bebedouros com água limpa e fresca nos ambientes em que ele mais fica e manter sempre as consultas, vacinas e vermífugos em dia. O acompanhamento periódico com o(a) médico(a) veterinário(a) garante que seu animal esteja amparado e facilita o diagnóstico precoce caso haja alguma enfermidade.
Ao observar qualquer mudança de comportamento ou aparecimento de sinais clínicos, o(a) tutor(a) deve procurar atendimento médico o mais rápido possível.
Referências Bibliográficas
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NELSON, R. W. & COUTO, C. G.. Medicina interna de pequenos animais. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. Cap. 5. p. 325-329. Tradução de: Cíntia Raquel Bombardieri, Marcella de Melo Silva et al.
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